O Estado de S. Paulo

Vice vale mais do que título

- MAURO CEZAR PEREIRA E-MAIL: MAURO.CEZAR@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @maurocezar­000 TWITTER: @maurocezar

Derrotado pelo Atlético, o Corinthian­s perdeu a liderança da Série A e terá mais 13 jogos no mês e meio que nos separa da Copa do Mundo: nove pelo Brasileiro, três da Libertador­es e um na Copa do Brasil. Entrará em campo uma vez a cada 3,3 dias, com uma sequência de quatro compromiss­os em São Paulo, seguida de viagens à Venezuela, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Bahia.

Já o Palmeiras, que não saiu do zero com a Chapecoens­e, fará nove na Série A, dois pela Libertador­es e mais um par de pelejas pela Copa do Brasil até o Mundial da Rússia. Umaa cada 3,2 dias, com quatro compromiss­os como visitante, no Peru, em Curitiba, Belo Horizonte e Itaquera. Só voltará para casa em 17 dias. Depois, mais viagens: novamente à capital mineira, Porto Alegre e Fortaleza.

Nove partidas pelo nacional, dois na Copa do Brasil e a mesma quantidade pela Libertador­es. São os 13 jogos do Santos até a bola rolar em território russo, mesmo com o adiamento do encontro com o Vasco para depois do Mundial. Em 44 dias os santistas cumprirão tal maratona, em campo a cada 3,4, indo a Montevidéu, Porto Alegre, Lucas de Rio Verde, Curitiba, Itaquera e Rio de Janeiro.

Na visita ao Fluminense, o São Paulo empatou mais uma. Eliminado pelo Atlético-PR na Copa do Brasil, terá calendário mais suave no período, com uma dezena de compromiss­os. Até o Mundial começar, jogará a cada quatro dias, 10 vezes pela Série A e uma valendo a vida na Copa Sul-Americana (partida contra o Rosario Central, no Morumbi – o primeiro jogo terminou empatado em 0 a 0), com viagens a Salvador, Belo Horizonte e Curitiba.

Até a Copa do Mundo é agenda lotada. E quem está vivo em competição internacio­nal sem ter sido despachado do mata-mata nacional sofrerá mais. Situação comum , mas contraditó­ria em nosso futebol, no qual quem cai num torneio importante pode colher os frutos de uma rotina mais leve com algum tempo para ajustar a equipe.

Mas obviamente nenhum dos rivais trocaria de lugar com o São Paulo, um dos grandes já eliminados da Copa do Brasil, como Botafogo, Internacio­nal e Fluminense. Ou seja, reclama-se do calendário e ao mesmo tempo se quer disputar tudo que for possível. Nenhum dirigente assume uma meta número 1 emmeio à dura temporada brasileira de bola rolando.

Não se trata de jogar para perder, mas encarar uma eliminação como algo que pode acontecer em benefício de outro certame, o prioritári­o. Isso acontece na Europa, especialme­nte nas copas, com equipes repletas de suplentes, enquanto ligas e torneios de âmbito continenta­l têm maior atenção.

Aqui tal possibilid­ade desaparece­u com a CBF elevando a premiação da Copa do Brasil a R$ 278.290.000. Por erguer o troféu, uma agremiação embolsará R$ 50 milhões, 733,33% a mais em relação à última edição. O vice levará R$ 20 milhões por ter alcançado o último estágio do mata-mata, mesmo perdendo o duelo derradeiro.

Se o campeão disputar a competição desde sua fase inicial, a quantidade de prêmios somará mais de R$ 67 milhões. O vencedor da Libertador­es poderá faturar pouco mais da metade, enquanto o campeão da Série A deve ficar com os mesmos R$ 18 milhões que o Corinthian­s levou em 2017 por ter sido o melhor em 38 rodadas. Menos do que o vice da Copa do Brasil embolsará por fazer dois jogos e ser derrotado.

Uma clara distorção, com u ma competição mais longa, pesada, desafiador­a e relevante valendo menos em premiação. Com isso, seguirão as queixas contra um calendário no qual clubes não abrem mão de nada, tentam atuar em todas as frentes. Querem abraçar o mundo com as pernas que lhes faltam na maioria das vezes.

Vice da Copa do Brasil deve faturar mais em prêmios do que o campeão brasileiro

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