O Estado de S. Paulo

Justiça: ex-técnico da seleção é acusado de assediar atletas

Fernando de Carvalho Lopes teria cometido os crimes enquanto dava treinos em clube de São Bernardo. Ele nega

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Fernando de Carvalho Lopes, ex-técnico da seleção brasileira masculina de ginástica artística e atualmente funcionári­o do Clube Movimento de Expansão Social Católica (Mesc), de São Bernardo do Campo, é alvo de investigaç­ão do Ministério Público Estadual de São Paulo por supostos abusos sexuais cometidos contra meninos, menores de idade, durante os últim os anos. A denúncia foi feita na edição de ontem do programa Fantástico, da Globo. O treinador negou todas as acusações e afirmou “tem a consciênci­a tranquila” e que quem o acusa “vai ter que provar na justiça”.

De acordo com a reportagem, Fernando de Carvalho Lopes teria cometido os abusos sexuais durante vários anos em treinos, testes físicos e ainda em viagens com vários atletas. A polícia passou a investigar o caso a partir da denúncia de um garoto de 13, identifica­do como a primeira vítima a relatar o fato.

Segundo a investigaç­ão, esse menino procurou os pais, que fizeram a denúncia. “Ele tocava os órgãos sexuais das crianças”, disse a mãe do garoto, que não foi identifica­da. A segunda vítima que procurou a polícia também éum menino, de 12 anos. Segundo sua mãe, “(Fernando) pedia para olhar o órgão sexual das crianças”.

Foi por conta de uma denúncia de abuso sexual que Fernando de Carvalho Lopes foi afastado da seleção brasileira da modalidade um mês antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O treinador sempre trabalhou com as categorias de base, começou no vôlei e mudou para a ginástica.

Os atletas acusam o treinador de ter se aproveitad­o da pouca idade e da falta de conhecimen­to técnico. Segundo eles, o treinador os tocava em suas partes íntimas constantem­ente. Campeão pan-americano por equipes com a seleção brasileira em Guadalajar­a, no México, en 2011, Pétrix Barbosa, hoje com 26 anos, confirmou os abusos. “Fernando foi meu primeiro técnico, o Mesc foi meu primeiro clube, onde comecei a ginástica. Essa pressão psicológic­a nummoleque de 10, 11 anos... Banho junto, me espiar... Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão dentro da minha calça.”

“Ele sempre perguntava como estava o nosso desenvolvi­mento. Ele precisava acompanhar o nosso cresciment­o para poder mudar o treino. E ele pedia para mostrar o pênis”, disse.

Em condição de anonimato, outros atletas acusaram Fernando e afirmaram que os abusos eram cometidos na hora do banho, dentro de saunas e banheiros. De acordo com a reportagem, pelo menos 40 atletas e ex-atletas confirmara­m que ou foram abusados ou sabiam dos casos, que são investigad­os pela polícia e pelo Ministério Público há pelo menos dois anos.

Outro lado. Procurado, Fernando se defendeu e disse que vai procurar reparação judicial. “Nunca fui um técnico legal, sempre fui muito rigoroso, eu me achava mais do que um técnico e meu erro pode ter sido confundir o papel de treinador com o de um pai, um amigo. Eu não tenho o que falar (sobre as acusações de abuso sexual). Eles vão ter que provar na Justiça. Estou com a minha consciênci­a tranquila”, afirmou.

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RICARDOBUF­OLIN/CBG- 20/05/2016 Investigaç­ão. Ministério Público apura conduta de Fernando

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