‘Novos casos de reestruturação de empresas são marginais’
Odiretor executivo do banco de atacado do Itaú Unibanco, André Rodrigues, afirma que, depois do boom de reestruturações nos últimos três anos, há uma acomodação de novos casos. Para ele, a queda da inflação e dos juros ajudou a melhorar a atividade das companhias. Além disso, o banco já vê efeito positivo na concessão de empréstimos para empresas de médio porte. Nessa faixa, o crédito tem crescido a uma taxa de dois dígitos, diz ele. Mas entre as grandes empresas esse movimento ainda não se consolidou.
De 2015 para cá, o banco reforçou a área de reestruturação de crédito. O que provocou essa mudança?
As áreas de reestruturação eram pequenos núcleos dentro das áreas de crédito, chamados de “Cobrança”. O nome por si só já permitia inferir o perfil de atuação e a situação dos clientes. Com o agravamento da crise e crescimento da quantidade de clientes em situação delicada, vislumbramos a necessidade e a oportunidade de estruturar melhor nossa atuação. Criamos um foco maior e uma especialização dentro da área de reestruturação e, assim, conseguimos liberar tempo da área comercial para atender clientes em situação normal.
O banco já vê melhora na situação das empresas? Hoje o cerne da nossa atividade de reestruturação está no “estoque” de clientes que vieram para o atendimento da área nos últimos 2 ou 3 anos. Casos novos são marginais. O controle da inflação, o avanço na agenda de reformas, a perspectiva de crescimento econômico e a redução da taxa de juros trouxeram novo ímpeto para as atividades das empresas. Nas companhias com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 200 milhões já verificamos retomada forte da concessão de crédito na casa de dois dígitos –, mas esse movimento ainda não é verificado nas grandes empresas. Há potenciais investimentos que vão demandar crédito, mas existe receio em ir adiante por causa das incertezas político-econômicas. Vocês criaram uma equipe voltada para multinacionais de médio porte. Qual o tamanho desse mercado?
Temos cerca de 1.500 multinacionais como clientes e uma equipe de cerca de 50 pessoas dedicadas a essas empresas. Cerca de 90% dessas companhias são americanas e europeias e 10% de outros continentes. Sentimos que essas empresas tinham uma carência de atendimento no Brasil e resolvemos nos estruturar para atendê-los e oferecer produtos e serviços compatíveis com a necessidade deles. Esse tem sido um vetor de crescimento interessante e queremos ampliar ainda mais.