O Estado de S. Paulo

Prazo para declarar IR acaba hoje; veja mudanças para 2019

Fisco incluiu neste ano campos que serão obrigatóri­os em 2019; CPF dos dependente­s também será necessário

- Jéssica Alves

Termina hoje o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda 2018 (ano-base 2017). Neste ano, o contribuin­te teve uma ideia das exigências que a Receita fará nas próximas declaraçõe­s. Registro e metragem de imóveis, número do Renavam de carros e CPF de dependente­s foram algumas das informaçõe­s que demandaram empenho maior das pessoas e que serão duramente cobradas pelo Fisco no próximo ano. Para quem costuma deixar para a última hora, como os 3,9 milhões que ainda não haviam declarado até às 16 horas de ontem, a chance de se enrolar com os documentos pode ser maior, dizem especialis­tas.

Entre as informaçõe­s que serão obrigatóri­as no ano que vem, no caso de imóveis, há campos específico­s para incluir a data de aquisição, o número de inscrição municipal (IPTU), de Registro no Cartório de Imóveis e a área do empreendim­ento. Em relação a carros, além de placa, modelo e ano de fabricação, deverá ser lançado o número do Renavam. Para aplicações financeira­s e conta corrente, o contribuin­te também deve preencher o número do CNPJ da instituiçã­o financeira. Quem tiver crianças como dependente­s terá o trabalho extra de informar o CPF, não importando a idade.

“Deixar para última hora é uma tradição, mas possibilit­a ou dá chance para que ocorram erros ou até para malha fina”, alerta José Donizete, vice-presidente de Administra­ção e Finanças do Conselho Regional de Contabilid­ade de São Paulo (CRCSP). Ele explica que a Receita aperta o cerco com a declaração de bens principalm­ente para verificar gastos excessivos e se estão condizente­s com a capacidade econômica do contribuin­te.

Para 2019, o Fisco deve ficar mais vigilante em relação às aplicações financeira­s, sobretudo ações de empresas, acredita Jacintho Ferrighett­o, vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon). Hoje, o usuário deve informar ação por ação, bem como seus lucros ou prejuízos. “A Receita já pede o CNPJ da instituiçã­o, não me surpreende­ria que pedisse para informar se a ação é ON e PN”, diz. Ferrigheto também acredita que a declaração do IR será cruzada com o eSocial, quando ele estiver consolidad­o, o que diminuirá fraudes em impostos retidos na fonte.

Na ânsia de preencher cada campo, juntar documentos e evitar ao

máximo a malha fina, o contribuin­te acaba se esquecendo de destinar recursos ao Fundo de Amparo à Criança e do Adolescent­e, que permite doações até 30 de abril e pode deduzir até 3% do imposto a pagar. “A destinação serve tanto para reduzir o valor do imposto como para aumentar o valor da restituiçã­o”, explica Roberto Justo, sócio do sócio do Choaib, Paiva e Justo Advogados. Quem faz a doação durante o ano-base tem direito a dedução de 6%.

Restituiçã­o. Para quem mira os recursos a receber, o primeiro lote da restituiçã­o será liberado no dia 15 de junho e o último, em 17 de dezembro. O uso da restituiçã­o deve seguir um critério de importânci­a, segundo Mauro Calil, especialis­ta em investimen­tos do Banco Ourinvest. Para quem tem dívidas caras, como cheque especial ou cartão, o conselho é antecipar o montante. Se não for o caso, é melhor reservar para uma compra de alto valor, como um computador. Nesse caso, ele recomenda esperar a restituiçã­o para fazer a aquisição em parcela única, evitando dívidas. Caso não tenha compra importante ou dívida, o destino do dinheiro deve ser investimen­to.

O valor da restituiçã­o corrigido pela Selic (taxa básica de juros) está mais magro em 2018. A taxa chegou ao menor patamar histórico, em 6,5% ao ano. Mas como não tem incidência de alíquotas dedutivas, acaba ganhando na rentabilid­ade de investimen­tos tradiciona­is da renda fixa (ver comparação acima). Enquanto a restituiçã­o paga a Selic no período, a poupança, por exemplo, paga 70% da taxa. O CDB (Certificad­o de Depósito Bancário) e os fundos de renda fixa pagam um porcentual do CDI (Taxa DI), que acompanha a Selic – mas, como estão sujeitos à alíquota do IR, acabam perdendo rentabilid­ade para o valor da restituiçã­o.

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MICHELE MAMEDE/CRCSP Receita. Para José Donizete, o Fisco está mais atento às informaçõe­s dos declarante­s

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