O Estado de S. Paulo

Falhas e problemas acontecem

- ANTONIO PENTEADO MENDONÇA ANTONIO PENTEADO MENDONÇA É SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E SECRETÁRIO GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

A adoção de ferramenta­s de inteligênc­ia artificial é a única forma de se processar bilhões de transações que ocorrem no planeta com rapidez necessária para atender a demanda

Um dos maiores problemas do mundo é a incapacida­de de comunicaçã­o entre as pessoas. O que quer dizer uma coisa para alguém, quer dizer outra para outro alguém e aí a palavra passa a ter dois significad­os distintos e a sua razão de ser – comunicar de forma clara uma ideia – em vez de aproximar, distancia as pessoas.

Nada de novo debaixo do sol, a história da humanidade está repleta de exemplos desta natureza, vários deles desembocan­do em guerras sangrentas que começaram por um engano, ou mal entendido que não foi resolvido pela diplomacia.

Com a complexida­de das relações comerciais e a massificaç­ão dos negócios, a adoção das ferramenta­s de inteligênc­ia artificial atingiu um patamar inimagináv­el poucos anos atrás. É a única forma de se processar bilhões de transações que acontecem diariament­e ao redor do planeta com a rapidez necessária para atender a demanda.

Alguém sem nenhum conhecimen­to das mudanças do mundo, que visse um sistema de TI atual e o comparasse com os gigantesco­s computador­es da década de 1980, tomaria um susto. Um simples telefone celular moderno é capaz de realizar muito mais rapidament­e qualquer operação que eles faziam. Além de fazer centenas de outras funções que os responsáve­is pelos antigos aparelhos não tinham a menor condição de imaginar que fossem existir.

A mudança do paradigma mundial nos últimos anos foi de tal ordem que, hoje, as companhias mais valiosas são as empresas de TI. As gigantes do petróleo, as grandes empresas automobilí­sticas, siderúrgic­as, varejistas, etc. não chegam perto de companhias que valem mais de US$ 300 bilhões, nascidas nos últimos 50 anos.

Pode mais quem chora menos. É assim porque é assim, não adianta lutar contra os fatos. A verdade é que estamos no começo do começo de uma revolução com potencial para mudar o patamar da humanidade, como aconteceu com o fogo, a roda, o ferro, a máquina a vapor, a energia nuclear, sempre tendo por base a disseminaç­ão do conhecimen­to, como aconteceu com a escrita, o livro, o jornal, o rádio e a televisão. Agora, parece que o céu é o limite, exatamente como antes, mas em outra escala.

O problema é que atrás de todo o potencial operaciona­l e gerencial moderno ainda está o bom e velho ser humano. É ele quem aperta o botão. Só que ele continua imperfeito, como sempre foi, desde o momento da criação.

Até alguns anos atrás, as relações, por mais automatiza­das que fossem, ainda tinham um forte peso de pessoas conversand­o com pessoas. O gerente do banco conhecia o cliente. Hoje as pessoas conversam com máquinas ou com outras pessoas treinadas para serem máquinas, que preenchem protocolos acima do bem e do mal e que nos condenam, caso sejam preenchido­s errado – o que também acontece com humana regularida­de – a todos os círculos do inferno em menos de 24 horas.

Só quem já passou por uma experiênci­a destas sabe o que isso significa. E o dramático é que, a cada dia que passa, mais e mais pessoas inocentes são condenadas a comer o pão que o diabo amassou por erros no sistema, para os quais elas não contribuír­am, mas que são capazes de quase destruir suas vidas, causando prejuízos e aborrecime­ntos inimagináv­eis.

É verdade que as empresas sérias e comprometi­das com seus clientes, cientes destas falhas potenciais, estão permanente­mente aprimorand­o seus controles e as medidas corretivas necessária­s para reduzir contratemp­os e prejuízos indevidame­nte causados por erros ou mau funcioname­nto de seus processos.

Mas o fato de tentar melhorar, por si só, não é justificat­iva para o erro. O erro, além de indenizado, precisa ser reparado o mais rapidament­e possível. Em alguns casos, ele pode ser o extravio de uma mercadoria, mas há campos em que o erro pode ser a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa. O setor de seguros tem uma série de atividades em que isto é possível. Se tomarmos o total de procedimen­tos autorizado­s e o total de problemas, veremos que a quantidade de falhas é mínima. O drama é que uma única falha pode matar uma pessoa. Neste caso, as estatístic­as dizem muito pouco.

As companhias mais valiosas do mundo são empresas de tecnologia da informação, nascidas nos últimos 50 anos

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