O Estado de S. Paulo

De quem é a responsabi­lidade?

- Vera Magalhães

A julgar pelo comportame­nto das autoridade­s e dos movimentos de semteto, de ninguém.

Desmoronou um prédio em São Paulo, consumido rapidament­e por um incêndio. Morreu pelo menos uma pessoa. O prédio era da União. As pessoas denunciam que pagavam aluguel para viver numa invasão. Diante de uma tragédia dessas proporções, de quem são as responsabi­lidades? A julgar pelo comportame­nto das autoridade­s e dos movimentos de sem-teto, de ninguém.

O governador Márcio França diz que era “mais ou menos esperado” que aquilo ocorresse. Se era assim, o que o governo do Estado fez a respeito?

Michel Temer fez uma aparição relâmpago no local, a tempo de ser vaiado e admitir que o imóvel era da União, e mais nada.

O ex-prefeito João Doria Jr. diz que o PCC dava as cartas ali, como a justificar por que o poder público não podia fazer nada.

O prefeito Bruno Covas primeiro disse que a Prefeitura fez o que pôde. Depois, chamou entrevista coletiva para anunciar outras providênci­as.

Guilherme Boulos, o presidenci­ável que entrou na política justamente comandando exércitos de invasores como os que ficaram desabrigad­os ontem, desembarco­u da Palestina direto para Curitiba, sem nem passar no local do desabament­o para prestar in loco a solidaried­ade que manifestou nas redes sociais. Diz ele que a invasão não “pertencia” ao MTST. Sim, ele usou este verbo.

Os governos e os movimentos de sem-teto são correspons­áveis pela tragédia. Jogar com a necessidad­e de moradia para fins políticos é tão crime quanto se eximir da responsabi­lidade de retirar as pessoas de uma invasão a um prédio sem condições de ser habitado.

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