Ex-ministro diz que PT pode apoiar Ciro nas eleições.
Em ato pró-Lula, ex-governador da Bahia, cotado como plano B caso o ex-presidente não seja candidato, defendeu aliança com pedetista
Apontado como uma das alternativas do PT para a disputa da Presidência da República, o ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner admitiu ontem durante o ato das centrais sindicais em Curitiba que o partido pode aceitar ficar com a vaga de vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Mais cedo, o ex-prefeito Fernando Haddad, também cotado para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, falou em uma articulação com partidos de esquerda. Tanto Wagner quanto Haddad, no entanto, defenderam estratégia petista de manter o nome do expresidente como candidato.
Os dois estiveram juntos no evento do 1.º de Maio organizado pelas centrais sindicais em Curitiba em defesa de Lula, preso na Superintendência da Polícia Federal desde 7 de abril, após condenação a 12 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato. O ato, segundo a Polícia Militar, reuniu 5 mil pessoas.
Após a prisão do ex-presidente, o PT decidiu, em reunião da executiva do partido, manter a candidatura de Lula como opção única para as próximas eleições. O ex-governador da Bahia disse que é favorável à estratégia petista e desautorizou a inclusão de seu nome entre os prováveis “planos B” da legenda enquanto a candidatura do ex-presidente estiver colocada pelo partido. Para ele, a manutenção da prisão de Lula dificulta a aceitação de alternativas pela cúpula petista, mas, indagado por jornalistas sobre a possibilidade de o PT aceitar ser vice de Ciro, ele confirmou a possibilidade.
“Pode. Sou suspeito nesta matéria porque sempre defendi que após 16 anos estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos (no poder). Em geral, fica 12, 16, 20 anos. Defendi isso quando o Eduardo Campos ainda era vivo. Estou à vontade neste território”, respondeu.
Wagner defendeu as articulações feitas pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que já se reuniu duas vezes com Ciro neste ano. “O Haddad teve uma conversa sobre a economia brasileira e acharam que era sobre política eleitoral no estrito senso. Esse é o caminho.”
Ao Estado, Ciro afirmou que, para vice, “gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste, Minas Gerais, São Paulo”. Disse ainda que uma aliança com o PT é “possível e até desejável”, mas “improvável”.
Para Wagner, o PT deve estar aberto para conversar com todas as forças do campo progressista, inclusive o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, algoz de líderes petistas como José Dirceu e José Genoino no mensalão. “Acho que tem que conversar com todo mundo. Não só pensando na questão eleitoral, mas pensando em como retomar um processo de crescimento sustentável com distribuição de renda no Brasil. Então, eu acho que conversar com Ciro, Manuela (d’Ávila, do PCdoB) e Joaquim – se vier pelo PSB –, acho que conversar faz parte da política, você buscar entendimento”, defendeu.
Indagado especificamente sobre Barbosa, Wagner disse que se trata de um outsider e que suas ideias e propostas ainda não estão claras. “O Ciro eu sei mais ou menos o pensamento dele, a Manuela eu sei mais ou menos o pensamento dela, o Joaquim está começando a apresentar o seu pensamento. Óbvio que de todos que eu falei o Joaquim é o mais outsider. Nunca foi uma pessoa dedicada propriamente à política”, afirmou o ex-ministro.
Carta. Durante o ato das centrais sindicais, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), leu uma carta do ex-presidente Lula. Ele afirmou “sentir tristeza” porque a “democracia está incompleta” e comparou o desempenho do governo de Michel Temer na economia com as suas duas gestões no.
Durante os discursos, o ex-ministro Aldo Rebelo, pré-candidato do Solidariedade à Presidência, foi vaiado: “Que eles (adversários) alimentem este clima, compreendo. Só não compreendo quem se declara democrata não ter capacidade de tolerar”.
“Sempre defendi que após 16 anos estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos (no poder).” Jaques Wagner EX-GOVERNADOR DA BAHIA