O Estado de S. Paulo

Ex-ministro diz que PT pode apoiar Ciro nas eleições.

Em ato pró-Lula, ex-governador da Bahia, cotado como plano B caso o ex-presidente não seja candidato, defendeu aliança com pedetista

- Ricardo Galhardo Ricardo Brandt ENVIADOS ESPECIAIS / CURITIBA

Apontado como uma das alternativ­as do PT para a disputa da Presidênci­a da República, o ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner admitiu ontem durante o ato das centrais sindicais em Curitiba que o partido pode aceitar ficar com a vaga de vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Mais cedo, o ex-prefeito Fernando Haddad, também cotado para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, falou em uma articulaçã­o com partidos de esquerda. Tanto Wagner quanto Haddad, no entanto, defenderam estratégia petista de manter o nome do expresiden­te como candidato.

Os dois estiveram juntos no evento do 1.º de Maio organizado pelas centrais sindicais em Curitiba em defesa de Lula, preso na Superinten­dência da Polícia Federal desde 7 de abril, após condenação a 12 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato. O ato, segundo a Polícia Militar, reuniu 5 mil pessoas.

Após a prisão do ex-presidente, o PT decidiu, em reunião da executiva do partido, manter a candidatur­a de Lula como opção única para as próximas eleições. O ex-governador da Bahia disse que é favorável à estratégia petista e desautoriz­ou a inclusão de seu nome entre os prováveis “planos B” da legenda enquanto a candidatur­a do ex-presidente estiver colocada pelo partido. Para ele, a manutenção da prisão de Lula dificulta a aceitação de alternativ­as pela cúpula petista, mas, indagado por jornalista­s sobre a possibilid­ade de o PT aceitar ser vice de Ciro, ele confirmou a possibilid­ade.

“Pode. Sou suspeito nesta matéria porque sempre defendi que após 16 anos estava na hora de ceder a precedênci­a. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos (no poder). Em geral, fica 12, 16, 20 anos. Defendi isso quando o Eduardo Campos ainda era vivo. Estou à vontade neste território”, respondeu.

Wagner defendeu as articulaçõ­es feitas pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que já se reuniu duas vezes com Ciro neste ano. “O Haddad teve uma conversa sobre a economia brasileira e acharam que era sobre política eleitoral no estrito senso. Esse é o caminho.”

Ao Estado, Ciro afirmou que, para vice, “gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste, Minas Gerais, São Paulo”. Disse ainda que uma aliança com o PT é “possível e até desejável”, mas “improvável”.

Para Wagner, o PT deve estar aberto para conversar com todas as forças do campo progressis­ta, inclusive o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, algoz de líderes petistas como José Dirceu e José Genoino no mensalão. “Acho que tem que conversar com todo mundo. Não só pensando na questão eleitoral, mas pensando em como retomar um processo de cresciment­o sustentáve­l com distribuiç­ão de renda no Brasil. Então, eu acho que conversar com Ciro, Manuela (d’Ávila, do PCdoB) e Joaquim – se vier pelo PSB –, acho que conversar faz parte da política, você buscar entendimen­to”, defendeu.

Indagado especifica­mente sobre Barbosa, Wagner disse que se trata de um outsider e que suas ideias e propostas ainda não estão claras. “O Ciro eu sei mais ou menos o pensamento dele, a Manuela eu sei mais ou menos o pensamento dela, o Joaquim está começando a apresentar o seu pensamento. Óbvio que de todos que eu falei o Joaquim é o mais outsider. Nunca foi uma pessoa dedicada propriamen­te à política”, afirmou o ex-ministro.

Carta. Durante o ato das centrais sindicais, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), leu uma carta do ex-presidente Lula. Ele afirmou “sentir tristeza” porque a “democracia está incompleta” e comparou o desempenho do governo de Michel Temer na economia com as suas duas gestões no.

Durante os discursos, o ex-ministro Aldo Rebelo, pré-candidato do Solidaried­ade à Presidênci­a, foi vaiado: “Que eles (adversário­s) alimentem este clima, compreendo. Só não compreendo quem se declara democrata não ter capacidade de tolerar”.

“Sempre defendi que após 16 anos estava na hora de ceder a precedênci­a. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos (no poder).” Jaques Wagner EX-GOVERNADOR DA BAHIA

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ODRIGO FÉLIX LEAL/FUTURA PRESS Unidade sindical. Ato unificado em Curitiba, no 1º de Maio, que pediu a libertação de Lula
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GISELE PIMENTA/FRAMEPHOTO

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