O Estado de S. Paulo

Empregados assumirão empresas falidas na Bolívia

Lei apoiada por Evo é criticada por empresário­s, que denunciam violação da propriedad­e privada

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, comemorou ontem o Dia do Trabalho com a promulgaçã­o de uma lei que permite que trabalhado­res assumam o comando de indústrias em situação falimentar. O projeto tem sido criticado por empresário­s, que consideram que a lei viola a propriedad­e privada.

O anúncio foi feito em um ato que reuniu milhares de pessoas na cidade de Oruro, no altiplano boliviano, e contou com o apoio da Central Operária Boliviana (COB), que apoia o presidente. No mesmo ato, Evo anunciou um aumento de 3% no salário mínimo.

“Essa lei não é para tirar a indústria das mãos da iniciativa privada, mas para reativar a produção em defesa do trabalhado­r e do interesse social”, disse Evo. Para o presidente da COB, Juan Carlos Huarachi, o setor operário se sente capacitado para assumir qualquer função da cadeia produtiva, seja de gerência ou de comando. “Se fecham uma empresa, vamos nos organizar e tomar conta do que for preciso”, garantiu.

O projeto de lei foi aprovado na semana passada pela Assembleia Nacional boliviana e rendeu críticas do setor patronal. Para Ronald Nostas, da Confederaç­ão de Empresas Privadas da Bolívia (CEPB), a lei viola direitos básicos.

“Parece uma grande irresponsa­bilidade com o país”, disse o dirigente, que também criticou o presidente boliviano por aumentar o salário mínimo acima da inflação. De acordo com ele, isso diminuirá os investimen­tos. Em 2019, Evo tentará um novo mandato. Ele obteve na Justiça o direito de concorrer de novo, apesar da derrota que sofreu em um referendo que rejeitou uma nova reeleição.

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DANIEL RODRIGO/REUTERS Comemoraçã­o. Evo anuncia aumento do salário mínimo

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