O Estado de S. Paulo

Europa rejeita denúncias de Israel contra Irã

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Líderes europeus rejeitaram ontem as alegações de Israel de que há novas evidências mostrando que o Irã viola o acordo nuclear assinado em 2015. A visão geral nas capitais europeias é de que os documentos revelados pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na segunda-feira, apresentam novas evidências sobre a escala do programa atômico iraniano antes de 2015, mas nada que mostrasse violações recentes do pacto.

O Ministério das Relações Exteriores da França disse que analisaria os documentos, mas que as acusações israelense­s reforçavam a necessidad­e de continuida­de do acordo – o que significa que Teerã tem de aceitar inspeções em troca da suspensão das sanções econômicas. “A pertinênci­a do pacto é reforçada pelos detalhes apresentad­os por Israel”, afirmou a chancelari­a francesa.

O chanceler britânico, Boris Johnson, também disse que as acusações de Netanyahu apenas mostram a importânci­a de manter o pacto em vigor. “O acordo nuclear com o Irã não tem como base a confiança, mas as verificaçõ­es.”

Para a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, as alegações israelense­s “não colocam em dúvida” o cumpriment­o do acordo por parte de Teerã. A mesma posição foi adotada pela Alemanha, que disse confiar nos mecanismos de monitorame­nto da Agência Internacio­nal de Energia Atômica (AIEA).

As acusações feitas por Netanyahu, porém, não tinham a intenção de convencer os europeus. As denúncias tinham um alvo: Donald Trump. No dia 12, o presidente americano decide se mantém ou retira os EUA do acordo. Muitos analistas acreditam que o teatro montado pelo premiê israelense, na segundafei­ra, tenha sido suficiente para convencer a Casa Branca a abandonar o pacto.

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