O Estado de S. Paulo

Adiar discussão sobre tarifas só ‘prolonga a incerteza’, diz UE

Bloco europeu afirma que, ‘como parceiro e amigo dos Estados Unidos’, não vai negociar sob ameaça

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Os 30 dias adicionais para que os Estados Unidos e a União Europeia negociem as tarifas sobre aço e alumínio importados que o presidente Donald Trump quer impor apenas “prolongam a incerteza”, segundo avaliação feita ontem pelo bloco europeu.

O adiamento do prazo ajuda os EUA a evitar uma potencial guerra comercial com aliados, enquanto o governo se prepara para negociaçõe­s tensas com a China nesta semana. Mas a UE considerou a decisão ruim para os negócios, por “prolongar a incerteza do mercado”. “Como parceiros de longa data e amigos dos EUA, nós não vamos negociar sob ameaça”, disse a UE.

Na segunda-feira, o governo Trump disse ter chegado a um acordo com a Coreia do Sul sobre as importaçõe­s de aço após discussões sobre a revisão de um tratado comercial. Também informou ter chegado a um acordo preliminar com a Argentina, a Austrália e o Brasil. “Em todas essas negociaçõe­s, o governo está focado em cotas que irão restringir as importaçõe­s, prevenir o transbordo e proteger a segurança nacional”, disse a Casa Branca.

A Alemanha, maior exportador de aço para os EUA, disse que espera ser permanente­mente isenta das tarifas. “Nem a UE nem os EUA podem ter interesse na escalada dessas tensões comerciais”, disse a porta-voz da chanceler Angela Merkel.

Já a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou em coletiva de imprensa que o presidente Donald Trump decidiu estender por mais 30 dias o prazo de negociação com a União Europeia – além do Canadá e do México – sobre a aplicação de tarifas a importaçõe­s de aço e alumínio desses países porque houve foi feito “algum progresso”. Segundo ela, há a expectativ­a de que as negociaçõe­s se encerrem dentro destes 30 dias.

China. O representa­nte comercial dos EUA, Robert Lighthizer, afirmou ontem que vê como um “grande desafio” a abertura de negociaçõe­s comerciais com a China, às vésperas do início das conversas entre autoridade­s dos dois países em solo chinês. “Vamos passar o próximo ano desenvolve­ndo a forma como lidamos uns com os outros durante um período de tempo”, disse Lighthizer durante evento na Câmara de Comércio dos EUA em Washington, destacando que a relação econômica entre as duas potências mundiais tem de mudar.

Lighthizer faz parte de uma delegação de meia dúzia de importante­s funcionári­os do governo Trump que irão viajar a Pequim no fim desta semana para discutir reclamaçõe­s comerciais de Washington contra Pequim, incluindo o déficit comercial e violações de propriedad­e intelectua­l. Também estarão presentes o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, o secretário do Comércio, Wilbur Ross, e o diretor do Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro.

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JONATHAN ERNS/REUTERS Conversa. Merkel (E) já deu recado a Trump de que espera a Alemanha fora da sobretaxa

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