O Estado de S. Paulo

Facebook lança ferramenta que permite limpar histórico.

Anunciada durante conferênci­a de desenvolve­dores da empresa, medida dá sequência a esforço da rede social para conter escândalo da Cambridge Analytica

- Bruno Capelas ENVIADO ESPECIAL A SAN JOSÉ / EUA

O Facebook anunciou ontem uma nova ferramenta que permitirá aos usuários da rede social apagar os registros de navegação coletados pela empresa – isto é, as informaçõe­s sobre sites e aplicativo­s utilizados pelas pessoas mesmo quando não estão utilizando diretament­e o Facebook.

O anúncio foi feito durante a F8, conferênci­a anual de desenvolve­dores do Facebook realizada esta semana em San José, e é mais uma medida tomada pela empresa para conter o escândalo de privacidad­e em que se envolveu há cerca de um mês e

’Cookies’

No caso do Facebook, as informaçõe­s de navegação coletadas são utilizadas, por exemplo, para mostrar às pessoas anúncios mais relevantes ou armazenar senhas de serviços meio, quando jornais revelaram o uso ilícito de dados de 87 milhões de pessoas pela consultori­a Cambridge Analytica.

Segundo o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a ferramenta, chamada pela empresa de Clear History, estará disponível para as pessoas “nos próximos meses” e será simples como as que hoje já existem em navegadore­s como o Google Chrome e o Mozilla Firefox. Para limpar o histórico de navegação e atividades realizadas pelos usuários, bastarão apenas alguns cliques.

A coleta de atividades de navegação é algo comum na internet – um recurso chamado de “cookies”, utilizado por grandes empresas para, ao menos a princípio, otimizar a experiênci­a dos usuários. No caso do Facebook, as informaçõe­s de navegação coletadas são utilizadas, por exemplo, para mostrar às pessoas anúncios mais relevantes ou armazenar senhas de serviços cujas contas estejam integradas à da rede social.

“Quando você limpa cookies hoje em seu navegador, você pode piorar sua experiênci­a, como ter de cadastrar todas as suas senhas que estavam salvas no navegador. Com o Facebook, será parecido”, disse Zuckerberg. “Mas sentimos que é importante para as pessoas poderem escolher se devemos guardar suas atividades ou não.”

O anúncio foi o principal anunciado por Zuckerberg relativo à área de privacidad­e durante a abertura da F8. Em sua fala, que durou pouco mais de trinta minutos, o executivo se mostrou à vontade e tentou incentivar a comunidade de desenvolve­dores de aplicativo­s. “Precisamos fazer mais para manter as pessoas seguras, mas também precisamos construir coisas novas para seguir em frente.”

O executivo se mostrou bem-humorado – bem diferente da imagem, por exemplo, nas dez horas em que depôs no Congresso americano, em abril. Ele foi até capaz de fazer piada com a situação. “Meus amigos se juntaram em sessão de vídeo pelo Facebook para assistir a meu depoimento. Por favor, não vamos repetir isso”, brincou.

Namoro. O Facebook anunciou ainda o lançamento, nos próximos meses, de uma área em sua rede social para os usuários que quiserem encontrar namorados e namoradas. “É para quem quer relacionam­entos significat­ivos, não para encontros bobos, disse Zuckerberg, ao apresentar a função, que será chamada de Paquera no Brasil.

Para usar a função, o usuário deverá optar por isso, criando um perfil com fotos, informaçõe­s pessoais e interesses. O perfil não vai aparecer no Feed de Notícias do usuário ou de seus amigos, e só será exibido a outras pessoas que também buscam relacionam­entos. Será possível começar conversas com interesse romântico – a caixa de mensagens, porém, só vai permitir envio de textos, sem imagens ou vídeos, por motivos de segurança.

O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO FACEBOOK

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MARCIO JOSE SANCHEZ/AP Expressão. Bem-humorado, Zuckerberg fez até piada sobre seu depoimento no Congresso
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