O Estado de S. Paulo

Dólar valorizado pressiona economia de países emergentes

Argentina, Rússia, Turquia e Brasil podem ser mais afetados; BC brasileiro vai agir

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA / COLABORARA­M PAULA DIAS E ANA PAULA RAGAZZI

A valorizaçã­o do dólar nos últimos meses levanta preocupaçõ­es em relação aos impactos nos países emergentes. Para analistas, Argentina, Turquia, Rússia e Brasil podem ser os mais afetados. Esses são os países onde o dólar mais se valoriza, no rastro da expectativ­a de um aumento maior dos juros nos EUA, o que torna o mercado americano mais atrativo para investidor­es. O Fed (banco central americano) indicou que a inflação do país pode se aproximar de 2%, o que daria margem para uma alta maior dos juros. No Brasil, o dólar atingiu ontem R$ 3,5518, o maior valor desde junho de 2016. O caso mais complicado, segundo analistas, é o da Argentina onde a moeda americana se valorizou 32,78% ante o peso em 12 meses. O Banco Central brasileiro decidiu agir e anunciou que passará a atuar a partir de hoje no mercado futuro para “suavizar movimentos no mercado de câmbio”.

O Banco Central decidiu agir para amenizar a disparada do dólar. Após a alta de mais de 7% da moeda americana na comparação com o real no último mês, a instituiçã­o anunciou que passará a atuar a partir de hoje no mercado futuro para “suavizar movimentos no mercado de câmbio”.

A intervençã­o ocorrerá por meio dos contratos de “swap” – transação financeira que equivale à oferta de dólares. A última ação do BC para conter movimentos da moeda foi em maio de 2017, quando gravações de Joesley Batista aumentaram a volatilida­de no mercado.

O anúncio de que o BC voltará a agir foi divulgado no início da noite de ontem, após a moeda subir 1,55% e fechar o primeiro dia de negócios de maio em R$ 3,5518. Hoje, o BC oferecerá aos investidor­es até US$ 445 milhões em um leilão.

O BC tem realizado leilões de swap ao longo dos últimos meses para renovar contratos antigos que estavam próximos de vencer. Ou seja, o BC apenas alongou operações existentes. A partir desta quinta, a ação muda porque o BC poderá oferecer volume de dólar superior ao vencimento dos contratos antigos. Em outras palavras, o volume de dólares do BC no mercado futuro vai aumentar.

Se o BC mantiver o ritmo da oferta de hoje, até o fim do mês terá oferecido US$ 8,445 bilhões ao mercado. O valor é US$ 2,795 bilhões superior ao próximo vencimento dos swaps, em 1.º de junho. Não há, porém, nenhuma garantia de que a oferta seguirá esse padrão. Um gestor de moedas de um banco estrangeir­o considerou o montante extra como uma “intervençã­o pequena”. Ele reconhece, porém, que o mais relevante no momento é a sinalizaçã­o ao mercado de que, agora, o BC começou a agir.

Nas últimas semanas, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vinha afirmando que o BC seguia monitorand­o o câmbio para evitar exageros. Ele advertia o mercado de que o câmbio é flutuante e a autoridade tem munição – reservas internacio­nais e estoque de swap cambial, além de ofertas de linhas de dólares, se for necessário.

Fluxo. Na semana em que o mercado acionário brasileiro comemorou dois lançamento­s de ações, US$ 4,3 bilhões entraram no País. Entre 23 e 27 de abril, duas operadoras de saúde – o grupo NotreDame Intermédic­a e a Hapvida – lançaram ações na bolsa paulista e exportador­es continuara­m com firme volume embarcado.

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