Dólar valorizado pressiona economia de países emergentes
Argentina, Rússia, Turquia e Brasil podem ser mais afetados; BC brasileiro vai agir
A valorização do dólar nos últimos meses levanta preocupações em relação aos impactos nos países emergentes. Para analistas, Argentina, Turquia, Rússia e Brasil podem ser os mais afetados. Esses são os países onde o dólar mais se valoriza, no rastro da expectativa de um aumento maior dos juros nos EUA, o que torna o mercado americano mais atrativo para investidores. O Fed (banco central americano) indicou que a inflação do país pode se aproximar de 2%, o que daria margem para uma alta maior dos juros. No Brasil, o dólar atingiu ontem R$ 3,5518, o maior valor desde junho de 2016. O caso mais complicado, segundo analistas, é o da Argentina onde a moeda americana se valorizou 32,78% ante o peso em 12 meses. O Banco Central brasileiro decidiu agir e anunciou que passará a atuar a partir de hoje no mercado futuro para “suavizar movimentos no mercado de câmbio”.
O Banco Central decidiu agir para amenizar a disparada do dólar. Após a alta de mais de 7% da moeda americana na comparação com o real no último mês, a instituição anunciou que passará a atuar a partir de hoje no mercado futuro para “suavizar movimentos no mercado de câmbio”.
A intervenção ocorrerá por meio dos contratos de “swap” – transação financeira que equivale à oferta de dólares. A última ação do BC para conter movimentos da moeda foi em maio de 2017, quando gravações de Joesley Batista aumentaram a volatilidade no mercado.
O anúncio de que o BC voltará a agir foi divulgado no início da noite de ontem, após a moeda subir 1,55% e fechar o primeiro dia de negócios de maio em R$ 3,5518. Hoje, o BC oferecerá aos investidores até US$ 445 milhões em um leilão.
O BC tem realizado leilões de swap ao longo dos últimos meses para renovar contratos antigos que estavam próximos de vencer. Ou seja, o BC apenas alongou operações existentes. A partir desta quinta, a ação muda porque o BC poderá oferecer volume de dólar superior ao vencimento dos contratos antigos. Em outras palavras, o volume de dólares do BC no mercado futuro vai aumentar.
Se o BC mantiver o ritmo da oferta de hoje, até o fim do mês terá oferecido US$ 8,445 bilhões ao mercado. O valor é US$ 2,795 bilhões superior ao próximo vencimento dos swaps, em 1.º de junho. Não há, porém, nenhuma garantia de que a oferta seguirá esse padrão. Um gestor de moedas de um banco estrangeiro considerou o montante extra como uma “intervenção pequena”. Ele reconhece, porém, que o mais relevante no momento é a sinalização ao mercado de que, agora, o BC começou a agir.
Nas últimas semanas, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vinha afirmando que o BC seguia monitorando o câmbio para evitar exageros. Ele advertia o mercado de que o câmbio é flutuante e a autoridade tem munição – reservas internacionais e estoque de swap cambial, além de ofertas de linhas de dólares, se for necessário.
Fluxo. Na semana em que o mercado acionário brasileiro comemorou dois lançamentos de ações, US$ 4,3 bilhões entraram no País. Entre 23 e 27 de abril, duas operadoras de saúde – o grupo NotreDame Intermédica e a Hapvida – lançaram ações na bolsa paulista e exportadores continuaram com firme volume embarcado.