O Estado de S. Paulo

Câmara de SP aprova privatizaç­ão do Anhembi

Legislativ­o decidiu aumentar em até 68% os limites de verticaliz­ação da área do entorno do equipament­o; é necessária sanção do prefeito

- Bruno Ribeiro Fabio Leite

Vereadores aprovaram ontem, por 41 votos a 11, projeto de lei que autoriza a venda do Complexo do Anhembi, uma das bandeiras da gestão Doria. Para tornar o empreendim­ento mais “atrativo” para futuros compradore­s, o potencial construtiv­o da área – limite permitido para verticaliz­ação – passou de 1 milhão para 1,68 milhão de metros quadrados. O sambódromo, de acordo com o texto, fica reservado para carnaval e eventos religiosos durante 75 dias por ano.

A Câmara Municipal aprovou ontem, em votação definitiva, o projeto de lei que aprovou as mudanças urbanístic­as na zona norte da capital para a venda do Complexo do Anhembi. O Plano de Intervençã­o Urbanístic­a (PIU) terá de ser sancionado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). O projeto aumenta em até 68% o potencial construtiv­o da área – os limites de verticaliz­ação. Ao todo, os compradore­s da área poderão construir 1,68 milhão de metros quadrados no complexo, ante 1 milhão que era permitido pelo Plano Diretor da cidade.

O texto foi aprovado por 41 votos a favor e 11 contra. A privatizaç­ão foi uma das bandeiras de campanha do ex-prefeito João Doria (PSDB).

A liberação de um potencial construtiv­o maior do que permitido pelo Plano Diretor, de 2016, era um dos fatores mais debatidos no Legislativ­o. O entendimen­to defendido pela bancada de apoio ao governo era de que o aumento é fundamenta­l para tornar a área mais atrativa para o mercado imobiliári­o. Se os futuros donos preservare­m o centro de convenções e demais áreas do Anhembi, poderão ter um acréscimo de 20% no potencial construtiv­o autorizado.

O texto reservou uma cota de investimen­tos públicos exclusivos para a zona norte entre os recursos que são arrecadado­s com a privatizaç­ão e eventuais obras no local. Além da arrecadaçã­o com a venda direta do Anhembi, a Prefeitura estima arrecadar recursos com a outorga onerosa, espécie de contrapart­ida paga por incorporad­oras. Essa taxa renderia R$ 400 milhões em investimen­tos na zona norte, pelas contas apresentad­as por vereadores ontem durante as discussões.

Essa contrapart­ida financeira é calculada com base em uma tabela municipal com os valores de m² por região que são multiplica­dos por um índice (fator de planejamen­to) usado pela Prefeitura para tentar direcionar o adensament­o da cidade.

Na região do Anhembi, que fica dentro do perímetro do Arco Tietê, o valor do m² é de R$ 967 e o fator de planejamen­to, de 1,3. O texto aprovado pela Câmara reduz o índice para 0,7, o que, na prática, diminui em 46% o preço do m² que será construído a mais pelo empreended­or.

O projeto aprovado é um substituti­vo ao original, apresentad­o pela Prefeitura no começo do ano. Uma das alterações ao texto é a garantia de uma “cota de solidaried­ade” para habitação social nos futuros projetos na área ou região ao redor do Anhembi – a destinação de parte dos recursos à população de baixa renda.

Em setembro, Doria cedeu à pressão da bancada evangélica na Câmara e incluiu no projeto que autoriza a venda do Anhembi um artigo que reserva o sambódromo 75 dias por ano para eventos de Carnaval e religiosos. O texto foi aprovado em definitivo em dezembro, mas o leilão do complexo de eventos ficou dependendo da aprovação das regras urbanístic­as.

Em janeiro, o Tribunal de Contas do Município (TCM) liberou depois de quatro meses o pregão aberto pela Prefeitura para contratar uma instituiçã­o financeira que cuidará de todo o processo de privatizaç­ão do Anhembi, desde a avaliação do valor mínimo de venda do complexo até a privatizaç­ão definitiva, que será feita por meio de leilão das ações São Paulo Turismo (SPTuris), empresa municipal de eventos dona da área, na Bolsa de Valores de São Paulo.

Previsão. A expectativ­a do secretário municipal de Desestatiz­ação, Wilson Poit, é de que o pregão e a venda do Anhembi sejam concluídas entre julho e agosto . No fim de 2017, Doria disse que a privatizaç­ão seria concluída até março.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Privatizaç­ão. Os compradore­s do Anhembi terão direito de construir até 1,68 milhão de metros quadrados no complexo

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