Argentina fecha o cerco a operador da Odebrecht.
Justiça pede que empresário e outros dois suspeitos de envolvimento no repasse de propina da construtora sejam proibidos de deixar o país
A Justiça da Argentina proibiu ontem que o empresário Jorge “Corcho” Rodríguez e mais duas pessoas associadas a ele deixem o país em razão do envolvimento no repasse de propina da Odebrecht para políticos argentinos, informou o jornal Clarín.
A decisão foi tomada pouco após o Escritório Anticorrupção da Argentina protocolar o pedido direcionado ao juiz federal Sebastián Casanello, responsável pelas investigações envolvendo a Odebrecht. O órgão também pediu que Rodríguez seja interrogado e tenha os bens congelados.
Fontes ouvidas pelo Clarín disseram que a decisão de impedir a saída de Rodríguez, Marcos Sankowitz e Osvaldo Gandini foi tomada pelo magistrado Sergio Torres, que substitui temporariamente Casanello.
Segundo a investigação, o empresário atuou no repasse de US$ 10,2 milhões e ¤ 684 mil para o ex-ministro kirchnerista Julio De Vido por meio de uma empresa offshore e de contadores no Uruguai.
A propina, que também teria beneficiado outros funcionários dos governos de Cristina e Néstor Kirchner, tinha como objetivo favorecer a Odebrecht na concorrência para construir uma estação de tratamento de água no Rio Paraná de las Palmas, na Província de Buenos Aires, “por meio do pagamento de suborno para funcionários públicos”, segundo a denúncia.
O esquema envolvia transferências bancárias para uma conta offshore. A denúncia diz ainda que os quatro fizeram várias viagens entre o Uruguai e a Argentina nos aviões particulares do empresário, “o que permite suspeitar que parte do suborno, em dinheiro vivo tenha sido transferida por essa via”.
A licitação da estação de tratamento
de água foi vencida pelo consórcio formado pela Odebrecht e por outras três empresas argentinas: Benito Roggio, Supercemento e José Cartellone Construcciones Civiles.
A investigação diz que a quantia desviada deveria ter sido investida em três obras de infraestrutura que tinham em comum a chancela do ex-ministro De Vido, segundo o Clarín.