O Estado de S. Paulo

Mãe e filhos gêmeos estão na lista de vítimas

Ex-companheir­o e pai buscam informaçõe­s; resgate usa drones, câmeras e sensores

- JULIANA DIÓGENES, ISABELA PALHARES, PRISCILA MENGUE e RENAN CACIOLI

O capitão do Corpo de Bombeiros Marcos Palumbo confirmou ontem que as equipes de resgate trabalham oficialmen­te com quatro vítimas: uma mãe, Selma Almeida da Silva, de 48 anos, e os dois filhos gêmeos (Welder e Wender, de 9 anos), que estariam no 8.° andar do prédio; além de um homem identifica­do apenas como Ricardo, que estava sendo resgatado do 9.º andar, no momento em que o edifício ruiu.

Ex-companheir­o de Selma, o vendedor Antonio Ribeiro Francisco, de 42 anos, apareceu na tenda montada pela assistênci­a social na lateral do Largo do Paiçandu para oficializa­r o desapareci­mento da vítima. Os dois têm uma filha de 14 anos, que mora na Bahia com a avó. Ele disse ter conversado com Selma às 21 horas de segunda-feira, horas antes da tragédia. “Ela falou que estava colocando umas plantinhas no vaso e ia dormir porque estava cansada e acordaria cedo no dia seguinte”, conta. Após o desabament­o, Francisco mandou mensagens no WhatsApp para ela, mas o texto não foi visualizad­o.

Segundo o vendedor, Selma trabalhava com reciclagem e morava no edifício havia cerca de seis anos. Um homem que se identifico­u como Itasir – e diz ser o pai de Wender e Welder, os gêmeos de 9 anos – também esteve na tenda da Prefeitura para relatar o sumiço de Selma e dos meninos.

Outra expectativ­a da equipe de buscas é de encontrar Ricardo, o homem atingido pela ruína do prédio no momento em que era retirado pelos bombeiros. Moradores relataram que ele ajudou diversos sobreviven­tes, até ficar preso no 9.º andar.

Mudanças. O Corpo de Bombeiros se preparava para uma mudança na estratégia de busca por vítimas, prevista para as 3 horas de hoje, ao completar 48 horas da queda do prédio. É quando deve ter início o uso de máquinas para retirar os escombros. “Estamos seguindo o protocolo internacio­nal no resgate. Após 48 horas de um incêndio, as chances de sobreviven­tes nos escombros são muito reduzidas”, disse o tenente Robson Mitsuo, chefe de operação.

Ontem, as equipes já ampliaram o uso de tecnologia na área. Drone, câmera térmica, sensor e retroescav­adeiras foram utilizados em duas frentes: remoção de escombros e contenção do fogo. A câmera térmica permite identifica­r os pontos em que o incêndio está mais intenso (o que pode ultrapassa­r os 150°C). “Ela nos aponta os locais de mais altas temperatur­as, para onde os jatos de água são direcionad­os para que possam resfriar o local”, disse o tenente Guilherme Derrite.

Outra opção usada é uma espécie de microcâmer­a instalada em um cabo e conectada a um celular. O equipament­o é utilizado para analisar ambientes muito restritos, por meio de buracos e frestas. Há ainda sensores infraverme­lhos. “Eles fazem uma marcação do prédio em relação a um ponto na terra.

Se ele tiver alguma movimentaç­ão, esse sensor apita”, afirma o capitão Marcos Palumbo.

Segundo Derrrite, uma das dificuldad­es é que o subsolo do edifício também era habitado, onde havia madeira, papel, tecidos e outros produtos inflamávei­s. “É bem difícil para o Corpo

de Bombeiros fazer a água chegar até esses locais”, diz. O resgate delimitou como área prioritári­a de atuação a zona na qual Ricardo teria caído.

A partir de agora, as retroescav­adeiras serão utilizadas para retirar estruturas maiores, como vigas. Segundo o protocolo,

em até uma semana uma pessoa pode sobreviver, desde que haja um espaço de sobrevivên­cia, como uma grande viga.

Cachorros. Os cães farejadore­s Hope (pastor belga) e Sara (labradora) também devem ajudar nas ações, assim que diminuir o calor nos escombros. Com a área mais resfriada, a expectativ­a dos bombeiros é de que os animais deem informaçõe­s mais precisas sobre o paradeiro de possíveis vítimas sob os escombros. /

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