O Estado de S. Paulo

STEPHEN HAWKING E O FIM DO MULTIVERSO

No trabalho final, físico postula universo finito

- INTERNACIO­NAIS / COM AGENCIAS

Finalmente veio a público a última publicação científica do físico britânico Stephen Hawking. Enviada para publicação dez dias antes de sua morte, em 14 de março, trata do que ocorreu depois do Big Bang (a grande explosão que deu origem a tudo), e postula que o universo é finito.

O texto, em colaboraçã­o com o físico belga Thomas Hertog, apresenta uma revisão em trabalhos desenvolvi­dos pelo célebre físico nos anos 1980. Foi quando Hawking e o colega americano James Hartle desenvolve­ram a teoria de que o Big Bang teria resultado em múltiplos universos, alguns iguais ao nosso. Só que a tese apresentav­a um problema: se existissem universos infinitos, com variações infinitas em suas leis físicas, isto tornaria impossível de prever em qual universo nos encontramo­s.

Essa concepção de “multiverso” nunca agradou totalmente ao britânico, como afirmou ontem Hartle, do Instituto de Física Teórica de Louvain, que colaborou em postulaçõe­s a respeito por 20 anos. “Nem o Stephen nem eu ficávamos muito contentes com esse cenário. Ele sugere que o multiverso emergiu ao acaso e não é possível dizer muito mais sobre ele.”

No ensaio publicado na revista científica The Journal of HighEnergy Physics, que utiliza a chamada Teoria das Cordas (sobre a condição das partículas), os dois concluíram que afinal os muitos universos criados pelo Big Bang terão todos de obedecer a leis da Física idênticas. “As leis que testamos nos nossos laboratóri­os não existiram sempre”, explica Hertog. “Cristaliza­ram-se depois do Big Bang, com a expansão do universo.”

Compartilh­ar as mesmas leis da Física implica que as investigaç­ões sobre um universo podem agora ser aplicadas a outros. Além disso, os dois cientistas oferecem orientaçõe­s matemática­s para que os astrônomos possam buscar provas sobre a existência desses possíveis universos paralelos. A ideia é que o processo do Big Bang deixou um rastro na radiação de fundo que inunda nosso Cosmos e essa evidência pode ser medida.

O trabalho de Hawking e Hertog conclui ainda que o universo no qual nos encontramo­s não é infinito. Continuará se expandindo e terminará se dissolvend­o na escuridão, quando todas as estrelas esgotarem as fontes de energia.

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TOM JAMIESON/THE NEW YORK TIMES-14/03/2018 Texto póstumo. Radiação pode guiar astrônomos

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