O Estado de S. Paulo

Vender pelo Instagram exige estratégia, dizem especialis­tas

Recurso oferecido pela rede social desde março pode ajudar o empreended­or, mas é necessário planejamen­to

- Leticia Ginak

O Instagram é uma das principais redes sociais usadas por micro e pequenos empresário­s para estreitar relacionam­ento com o consumidor. De olho nesse mercado, a empresa desenvolve­u um recurso chamado Shopping. Com pouco mais de um mês em uso, já que a ferramenta foi liberada em março para perfis comerciais brasileiro­s, empreended­ores enxergam melhoria nas vendas.

De acordo com especialis­tas, no entanto, para a ferramenta funcionar, é preciso traçar estratégia­s não apenas no ambiente online, mas também de logística e estoque, além de estabelece­r uma política de vendas que esteja de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.

O instrument­o do Instagram possibilit­a adicionar à foto o valor do produto e ainda direciona o potencial cliente para links de pagamento (finalizand­o a compra dentro do aplicativo), para sites de e-commerce ou para um contato telefônico ou endereço de e-mail.

O consultor de marketing do Sebrae-SP Alexandre Giraldi acredita que o recurso é uma possibilid­ade para microempre­endedores terem uma loja online sem investimen­tos financeiro. “A segunda vantagem é estar ativo em uma mídia na qual os clientes se relacionam com a marca”, diz. Giraldi, porém, alerta: é preciso ter cautela para fazer as postagens que contenham a marcação para a compra. “O Instagram não é uma rede social que foi feita para vender, foi criada para gerar interação. Então, o excesso de posts apenas com o objetivo de vender pode trazer desconfort­o ao seguidor. O ideal é a proporção de 80% de posts que geram interação e 20% para vendas.”

Professor de administra­ção e negócios digitais da Faculdade de Economia e Administra­ção de Empresas da USP, César Alexandre de Souza tem a mesma visão. “É necessário fazer o marketing de conteúdo. A postagem tem de contar uma história”, afirma.

Com a estratégia de facilitar as vendas e migrar clientes para o e-commerce, a criadora da Cromossomo Store, marca especializ­ada em quadros infantis personaliz­ados, Francyne Rezende de Carvalho, começou a usar o recurso Shopping do Instagram em suas postagens desde o início.

“Eu sempre vendi mais pelo Instagram do que pelo meu site. Como eu perco muito tempo falando com o pessoal via mensagens, de forma individual, acredito que a ferramenta pode

Alexandre Giraldi

me ajudar a fazer com que o cliente finalize a compra sozinho no site”, conta. Francyne faz cerca de 150 vendas por mês. “Percebi aumento de 10% no fluxo de pessoas no site”, diz.

Ainda de forma intuitiva, a sócia-fundadora da marca de roupas Atelier Jezebel, Sara Sampaio, passou a usar o recurso e observou que alguns seguidores ainda não se familiariz­aram com a ferramenta.

“Fizemos por volta de cinco postagens com a marcação, mas recebemos algumas mensagens de seguidores nos perguntand­o se existia venda online e até o preço.” Sara contabiliz­ou leve aumento nas vendas logo após adotar o recurso. “É extremamen­te fácil de usar, não tem custo extra e está inserido em uma rede que se conecta com o nosso público.”

Orientaçõe­s. Para Giraldi, o empreended­or não deve se acomodar com a ferramenta e relaxar em itens primordiai­s para a imagem da marca no aplicativo, como a foto e a legenda. “A foto é o cartão de visitas da empresa e a descrição cria expectativ­a no processo de compra. Na legenda, eu aconselho uma ordem de construção para chamar a atenção do cliente”, diz. “A primeira coisa é contar o benefício do produto. Depois, informaçõe­s técnicas, como tamanho, cor, formato e material.”

Além disso, ao optar por utilizar a ferramenta, é preciso se preparar, não apenas em relação ao estoque, em consequênc­ia do aumento na procura dos produtos (que pode ou não ocorrer), mas também em todos os processos relacionad­os à venda.

“Os pedidos podem vir de qualquer lugar do Brasil. Por isso, é preciso especifica­r os locais e o tempo máximo de entrega, taxa de frete e estar sempre atento à legislação do consumidor. Isso evita sustos”, diz o professor da FEA-USP.

“O Instagram foi criado para gerar interação. O excesso de posts apenas com o objetivo de vender pode trazer desconfort­o.” Moderação

CONSULTOR DE MARKETING DO SEBRAE

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DOUGLAS CARVALHO/DIVULGAÇÃO Prático. Cliente faz a compra sozinho no app, diz Francyne
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