O Estado de S. Paulo

Admirada no mercado, Ultrapar surpreende e cai 13% na semana

- Karin Sato

Conhecida pela excelência de execução da empresa, a ação da Ultrapar, que há anos marca presença nas carteiras de diversos fundos de investimen­tos, caiu 13% na semana. Apenas no pregão seguinte à divulgação do balanço do primeiro trimestre do ano, o papel amargou perda de 10%. Gestores admiradore­s da companhia questionar­am o que teria acontecido com a dona dos postos Ipiranga.

A coluna perguntou a analistas se a reação do mercado teria sido exagerada. A equipe do Santander disse acreditar que não. “Os resultados decepciona­ram os investidor­es tanto em termos de Ebitda, que ficou 10% abaixo das nossas expectativ­as, como de lucro líquido, 36% abaixo dos nossos números. Além da divisão de distribuiç­ão de combustíve­is (Ipiranga), que apresentou resultados mais fracos do que o usual, com queda de rentabilid­ade, as outras divisões da empresa também divulgaram números aquém do seu potencial, o que levantou uma bandeira amarela sobre a capacidade de cresciment­o de lucro da companhia”, respondera­m os analistas do Santander.

Eles lembraram que a Ultrapar sempre negociou a múltiplos altos – acima de 20 vezes o preço/lucro, que indica quantos anos o investidor levaria para recuperar a aplicação, nos últimos cinco anos. Isso significa que o papel não estaria barato, de forma que viram com naturalida­de o declínio. Para a Coinvalore­s, a queda da ação da Ultrapar refletiu o temor dos investidor­es com o desempenho da companhia no curto prazo, pois, além de os números do primeiro trimestre terem decepciona­do, não houve indícios claros de que haverá uma recuperaçã­o nos próximos períodos.

O time da XP escreveu que o recuo ocorreu por causa das expectativ­as quanto ao desempenho futuro da companhia. “Apesar de ser uma empresa vista como possuidora de uma execução de primeira linha, líder no setor, há questões a respeito de concorrênc­ia e da recuperaçã­o de volumes”, disseram.

A Lerosa Investimen­tos concordou que a reação não foi exagerada, uma vez que, além do resultado abaixo do esperado, também foram anunciadas mudanças relevantes na diretoria que causaram inseguranç­a – André Covre deixará o cargo de diretor superinten­dente da Extrafarma, bem como o presidente do conselho de administra­ção, Paulo Cunha, apresentou carta de renúncia como membro do colegiado.

“Não acredito que o grupo deixou de ser queridinho pelo mercado, mas também deixou de ser uma aposta óbvia e certeira dentro do Ibovespa. A esperança para a companhia, como ressaltado na teleconfer­ência com analistas, é de que este primeiro trimestre tenha sido um ponto fora da curva”, lembrou o analista da Lerosa, Vitor Suzaki.

No setor de distribuiç­ão de combustíve­is, Suzaki acredita que a BR Distribuid­ora, controlada pela Petrobrás, seja a empresa com maior potencial de valorizaçã­o, consideran­do a expectativ­a de lucro maior e ganhos de margens.

A preferênci­a da equipe do Santander também é BR Distribuid­ora, que reúne a melhor combinação de preço atraente, balanço saudável e bons dividendos, segundo eles.

Já a top pick no setor da Coinvalore­s é a Cosan, que deve apresentar bom resultado neste início de ano, com ganho de participaç­ão de mercado e melhora no mix de vendas. “Além disso, a aquisição a preço atrativo do negócio de distribuiç­ão de combustíve­is – incluindo uma refinaria – na Argentina, anunciada recentemen­te, traz boas perspectiv­as de expansão no médio prazo”, acrescenta­ram os analistas da Coinvalore­s.

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