O Estado de S. Paulo

União concede R$ 354 bi em subsídios

Gastos de 2017 equivalem a 5,4% do PIB e são quase o triplo do rombo do governo central; Ministério da Fazenda diz que já iniciou ajustes

- Idiana Tomazelli

Em seu quarto ano com as contas no vermelho, o governo federal concedeu R$ 354,8 bilhões em subsídios em 2017. O valor é quase o triplo do rombo de R$ 124,401 bilhões registrado de déficit pelo governo central, que reúne Tesouro, Banco Central e Previdênci­a Social. Embora o valor seja vultoso, o Ministério da Fazenda destacou que vem fazendo ajustes para diminuir esses gastos. Em 2017, os subsídios correspond­eram a 5,4% do PIB. Dois anos antes, essa relação era de 6,7% do PIB.

“É preciso continuar implementa­ndo esses ajustes, diante da premente necessidad­e de alcançar um superávit primário que torne a dívida pública brasileira sustentáve­l”, diz documento divulgado pelo ministério. Superávit primário é a economia que o governo precisa fazer para pagar os juros da dívida pública. Significa que as receitas superam as despesas. Pelas projeções do governo, as contas só vão voltar ao azul em 2022.

O relatório defende ainda que a “reforma dos subsídios” seja implementa­da com prioridade semelhante à da reforma da Previdênci­a e tenha continuida­de no próximo governo. “É fundamenta­l que se continue o processo de redução desses gastos públicos, implantado neste governo, para que as contas públicas brasileira­s voltem a ser sustentáve­is”, diz.

Do total de subsídios do ano passado, R$ 84,3 bilhões foram concedidos por meio de benefícios financeiro­s e creditício­s, aqueles em que o governo desembolsa uma parte dos juros para ajudar o tomador do crédito, como ocorreu no Programa de Sustentaçã­o do Investimen­to (PSI), ou em que permite financiame­ntos a juros menores do que o governo próprio paga para emitir dívida no mercado – o chamado subsídio implícito, que ocorreu em empréstimo­s concedidos no passado pelo BNDES.

A parte mais significat­iva, R$ 270,4 bilhões, foi concedida via gasto tributário, quando o governo abre mão de receitas em favor de alguma política. É o caso dos regimes especiais de tributação, como o Simples Nacional, a Zona Franca de Manaus e a desoneraçã­o da folha de pagamento das empresas – que o governo tenta reverter, mas enfrenta forte resistênci­a do Congresso Nacional.

De 2003 a 2015, a proporção dos subsídios em relação ao PIB mais que dobrou, saindo de 3,0% para 6,7%. Isso, segundo a Fazenda, contribuiu para a deterioraç­ão das contas públicas ao longo desse período.

No ano passado, o governo registrou o quarto déficit consecutiv­o e já projeta novos rombos até 2021. As contas não voltarão ao azul antes disso.

“Há ainda muito o que fazer. Contudo, com as mudanças recentes na política de crédito dos bancos públicos, aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), reformulaç­ão de programas, como ocorreu no Fies, maior rigor na concessão de gastos tributário­s e a ação interminis­terial em curso de implantaçã­o de Comitê de Monitorame­nto e Avaliação dos Subsídios (CMAS), espera-se que a queda observada no montante de gasto com os subsídios tenha continuida­de neste e nos próximos anos”, diz a Fazenda.

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