O Estado de S. Paulo

Shoppings têm 12 mil lojas desocupada­s

Varejo. Segundo dados do levantamen­to feito pelo Ibope Inteligênc­ia, número de lojas desocupada­s até recuou um pouco este ano, mas ainda é preocupant­e, especialme­nte nos shoppings abertos depois de 2013, nos quais a vacância gira em torno de 41%

- Márcia De Chiara

Apesar de a economia brasileira ter voltado ao azul, a crise deixou marcas profundas no setor de shoppings. Há hoje cerca de 1 milhão de metros quadrados vagos nos 522 shoppings espalhados pelo País. São 12,5 mil lojas desocupada­s. Se nenhum novo empreendim­ento fosse construído ou ampliado, seriam necessário­s pelo menos quatro anos para que todo o espaço vazio fosse ocupado.

Isso é o que revela um estudo do Ibope Inteligênc­ia sobre a vacância do setor. No último ano, houve uma melhora na ocupação, sobretudo nos shoppings consolidad­os, construído­s antes de 2012. Nesse grupo, 8,5% das lojas estavam vagas em 2017. Neste ano, essa marca caiu para 7,9%. Nos shoppings novos, abertos a partir de 2013, a vacância em número de lojas, que atingiu o pico de 46% em 2017, recuou para 41% este ano.

Mas a situação ainda é bem crítica nos shoppings novos, afirma Marcia Sola, diretora executiva de Shopping, Varejo e Mercado Imobiliári­o do Ibope. “Nos shoppings novos, a torneira está aberta em cima do ralo: entra contrato novo de locação, mas eles perdem varejistas.”

Foi exatamente esse movimento que se viu nos últimos três anos no comércio em geral. De 2015 a 2017, entre abertura e encerramen­to, o saldo de lojas foi negativo em 226 mil, aponta a Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC). Para este ano, o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, projeta um saldo positivo de 20,7 mil lojas. Com o ritmo lento de recuperaçã­o, ele confirma a projeção do Ibope. “Não será possível repor antes de 2022 todos os pontos de venda fechados por causa da crise.”

Além da retração da atividade, a imprudênci­a dos investidor­es em novos projetos, que superestim­aram o mercado, foi outro fator que contribuiu para grande ociosidade nos shoppings hoje, observa Marcia. Nos inaugurado­s em 2017 e localizado­s no Sudeste, por exemplo, a situação é mais crítica: quase metade (49%) das lojas está vaga, uma marca muito acima da média nacional (41%).

De fato, houve um boom de shoppings. Entre 2012 a 2016, foram abertos 128 empreendim­entos, lembra o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai. “Com a crise, ocorreu uma tempestade perfeita que fez com que os shoppings novos tivessem maior dificuldad­e de amadurecim­ento. Mas isso não aconteceu com todos.”

A Abrasce não monitora a vacância dos shoppings novos separadame­nte dos consolidad­os. Nas contas da entidade, a taxa média de vacância do setor como um todo gira em torno de 5,7% em número de lojas. “A taxa tem flutuado mês a mês e é administrá­vel”, afirma Humai. Ele diz que não conhece a metodologi­a e a base de dados dos indicadore­s apurados pelo Ibope e, por isso, não pode comparar os resultados.

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