O Estado de S. Paulo

Polícia vasculha casas de doleiros no Paraguai

Operação apreende extratos e documentos em endereços de Dario Messer e Bruno Farina, que continuam foragidos

- Felipe Frazão Fábio Serapião / BRASÍLIA

À procura do chamado “doleiro dos doleiros”, Dario Messer – foragido desde quinta-feira passada, quando foi deflagrada a operação Câmbio, desligo – o Ministério Público e a Polícia Nacional do Paraguai fizeram buscas em duas casas de alto padrão na madrugada de ontem, no condomínio Paraná Country Club da cidade de Hernandari­as, na região de fronteira com Foz do Iguaçu (PR).

Messer e o doleiro Bruno Farina, que também está foragido da Justiça, não foram localizado­s. Eles são alvo de mandado de prisão no Paraguai e de extradição para o Brasil a pedido do juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, responsáve­l pelo braço carioca da Operação Lava Jato.

Segundo as autoridade­s paraguaias, os imóveis vasculhado­s pertencem a Messer e Farina, citados como integrante­s do esquema desvendado na Câmbio, desligo. Messer é suspeito de comandar uma rede de doleiros que, segundo os investigad­ores, movimentou U$ 1,6 bilhão entre 2008 e 2017, em 52 países.

A casa de Messer já havia sido abandonada, segundo o fiscal

Manuel Doldán, responsáve­l por Assuntos Internacio­nais do MP paraguaio. Uma testemunha disse aos investigad­ores que Farina esteve na residência dele há dois dias. Mesmo assim, os investigad­ores conseguira­m apreender objetos e documentos nos imóveis, como extratos de cartões de crédito e aparelhos eletrônico­s, entre eles computador­es e GPS.

A operação de ontem foi autorizada pela Corte Suprema de Justiça do Paraguai.

Interpol. Anteontem, o Brasil solicitou a inclusão de Messer no alerta vermelho da Interpol. O juiz paraguaio Miguel Tadeo Fernandez Ayala, do 11.º Juizado Penal de Garantias de Assunção, emitiu o mandado na manhã de sexta-feira, além de enviar comunicado­s à Polícia Nacional para realização de buscas a fim de encontrar e prender o doleiro.

Farina já havia sido citado em operações policiais anteriores, como a Anaconda e a Curaçao. Ele foi sócio da Action Câmbio, aberta para atuar no varejo, mas acusada de atuar no mercado paralelo nos anos 2000.

Na atual investigaç­ão, aparece como integrante de um dos braços do esquema coordenado por Messer, a Boxe, associado a um terceiro doleiro, Augusto Rangel. Os dois foram apontados por delatores da Câmbio, desligo como doleiros que mantinham suas operações no Paraguai mas atuavam usando o Bankdrop e o ST – sistemas financeiro­s paralelos comandados por Messer.

Filho do primeiro doleiro do Brasil, Mordko Messer, Dario, desde o caso Banestado, era uma espécie de “banco central” dos doleiros, segundo os investigad­ores. Messer mudou sua banca para o Uruguai e dividia seu tempo entre o Rio e o Paraguai, onde é amigo do presidente Horácio Cartes. Segundo jornais paraguaios, os dois se consideram irmãos de alma.

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POLICIA NACIONAL DO PARAGUAY ‘Câmbio’. Autoridade­s paraguaias fizeram buscas em residência­s ligadas a alvos da operação

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