Polícia vasculha casas de doleiros no Paraguai
Operação apreende extratos e documentos em endereços de Dario Messer e Bruno Farina, que continuam foragidos
À procura do chamado “doleiro dos doleiros”, Dario Messer – foragido desde quinta-feira passada, quando foi deflagrada a operação Câmbio, desligo – o Ministério Público e a Polícia Nacional do Paraguai fizeram buscas em duas casas de alto padrão na madrugada de ontem, no condomínio Paraná Country Club da cidade de Hernandarias, na região de fronteira com Foz do Iguaçu (PR).
Messer e o doleiro Bruno Farina, que também está foragido da Justiça, não foram localizados. Eles são alvo de mandado de prisão no Paraguai e de extradição para o Brasil a pedido do juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, responsável pelo braço carioca da Operação Lava Jato.
Segundo as autoridades paraguaias, os imóveis vasculhados pertencem a Messer e Farina, citados como integrantes do esquema desvendado na Câmbio, desligo. Messer é suspeito de comandar uma rede de doleiros que, segundo os investigadores, movimentou U$ 1,6 bilhão entre 2008 e 2017, em 52 países.
A casa de Messer já havia sido abandonada, segundo o fiscal
Manuel Doldán, responsável por Assuntos Internacionais do MP paraguaio. Uma testemunha disse aos investigadores que Farina esteve na residência dele há dois dias. Mesmo assim, os investigadores conseguiram apreender objetos e documentos nos imóveis, como extratos de cartões de crédito e aparelhos eletrônicos, entre eles computadores e GPS.
A operação de ontem foi autorizada pela Corte Suprema de Justiça do Paraguai.
Interpol. Anteontem, o Brasil solicitou a inclusão de Messer no alerta vermelho da Interpol. O juiz paraguaio Miguel Tadeo Fernandez Ayala, do 11.º Juizado Penal de Garantias de Assunção, emitiu o mandado na manhã de sexta-feira, além de enviar comunicados à Polícia Nacional para realização de buscas a fim de encontrar e prender o doleiro.
Farina já havia sido citado em operações policiais anteriores, como a Anaconda e a Curaçao. Ele foi sócio da Action Câmbio, aberta para atuar no varejo, mas acusada de atuar no mercado paralelo nos anos 2000.
Na atual investigação, aparece como integrante de um dos braços do esquema coordenado por Messer, a Boxe, associado a um terceiro doleiro, Augusto Rangel. Os dois foram apontados por delatores da Câmbio, desligo como doleiros que mantinham suas operações no Paraguai mas atuavam usando o Bankdrop e o ST – sistemas financeiros paralelos comandados por Messer.
Filho do primeiro doleiro do Brasil, Mordko Messer, Dario, desde o caso Banestado, era uma espécie de “banco central” dos doleiros, segundo os investigadores. Messer mudou sua banca para o Uruguai e dividia seu tempo entre o Rio e o Paraguai, onde é amigo do presidente Horácio Cartes. Segundo jornais paraguaios, os dois se consideram irmãos de alma.