O Estado de S. Paulo

A relevância do teatro de Bibi sobre o Irã

- HELIO GUROV I TZ E-MAIL: GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

Não há, até o momento, novidade nas provas das mentiras iranianas apresentad­as com fanfarra pelo primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu. Só confirmam o que todos já sabiam: o Irã manteve seu programa secreto de armas nucleares por muitos anos depois de 2003, ao contrário do que sempre afirmou à Agência Internacio­nal de Energia Atômica (AIEA). Isso não significa, porém, que sejam inócuas. Não apenas porque servirão de pretexto, com toda probabilid­ade, para os Estados Unidos abandonare­m o acordo nuclear com o Irã no dia 12. Mas também pelas consequênc­ias para a AIEA.

Após anos de evidências acumuladas, só em novembro de 2011 a AIEA foi explícita sobre as “possíveis

dimensões militares” do programa nuclear do Irã pós-2003. Graças à habilidade dos iranianos, o acordo de 2015 é omisso sobre a questão, num perdão implícito por mentiras do passado. Por isso, as novas provas de Bibi não significam que o Irã o tenha rompido.

Ainda em dezembro de 2015, a AIEA confirmou o diagnóstic­o de 2011. Mas, como verificou que o Irã cumprira (e cumpre) todos os compromiss­os firmados desde a assinatura do acordo, deu sua chancela e encerrou formalment­e a discussão sobre o passado. Teria feito isso se já dispusesse das provas das lorotas iranianas reveladas por Bibi? Dificilmen­te. No mínimo, elas hoje dariam vantagem moral a qualquer nova exigência do Irã.

Por que cotas são piores que tarifas

Há algo pior que tarifas? Sim: cotas, como as que os Estados Unidos criaram para aço e alumínio importados de Brasil ou Coreia do Sul. “Com uma tarifa, você ao menos mede e limita o dano, mas importa quanto quiser”, diz o economista John Cochrane. É difícil medir o custo das cotas. Governos estrangeir­os montam um minicartel de produtores para decidir quem ganha a benesse, em conluio lucrativo. “Restrições coordenada­s à produção são exatamente o que as leis antitruste se propõem a combater no mercado doméstico”, diz Cochrane. No internacio­nal, as cotas ainda exportam o lucro do conluio.

Guerra comercial afetará 15% do comércio China-EUA

Previsão da Economist Intelligen­ce Unit (EIU): Estados Unidos e China imporão tarifas mútuas de US$ 80 bilhões, ou 15% do comércio bilateral. “Não é um número grande a ponto de afetar o cresciment­o econômico”, diz a EIU. A disputa é assimétric­a. A China de Xi Jinping represento­u 8% do total exportado pelos americanos em 2017. Os Estados Unidos, um quinto das exportaçõe­s chinesas. Apesar da disputa, o comércio entre os dois países cresceu no primeiro trimestre: 15% na direção China-Estados Unidos; 9% na oposta. Depois de uma segunda rodada de tarifas, a EIU prevê que a disputa cesse, evitando uma guerra comercial ampla. Principal alvo da retaliação chinesa, a soja americana abrirá oportunida­de à Rússia e ao Brasil.

Na Europa, 7% estão prontos a proteger privacidad­e

Apenas 7% das empresas europeias estão preparadas para as exigências da Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR), a nova lei sobre privacidad­e que entra em vigor no próximo dia 25. De acordo com uma pesquisa da Cibersecur­ity Insiders, 60% dizem que não estarão prontos no prazo, e 41% precisam de pelo menos mais 12 meses. A exigência que mais preocupa, citada por 53%, é o direito ao esquecimen­to, a prerrogati­va de qualquer cidadão exigir o apagamento definitivo de seus dados.

Brasil é exemplo no combate ao fogo

Apesar do incêndio que levou ao desmoronam­ento de um prédio no centro de São Paulo, incêndios estruturai­s têm caído no Brasil. Houve 724 em 2017, 46% a menos que os 1.349 de 2015, segundo o monitorame­nto do Instituto Sprinkler Brasil. As normas de segurança também têm evitado o pior. Na última lista da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), de 2015, fomos o 145.º entre 184 países, com 0,67 morte para cada 100 mil habitantes sob a rubrica “fogo, calor e substância­s quentes”. Os três primeiros foram Angola (13), Costa do Marfim (11,8) e Rússia (10,2). Os dados do Ministério da Saúde somaram naquele ano 939 mortes por “exposição à fumaça, ao fogo e às chamas”, 0,46 para 100 mil brasileiro­s – queda de quase 10% em relação à média dos últimos dez anos.

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AMIR COHEN/REUTERS Tese. Premiê israelense fala sobre Irã em conferênci­a em Tel-Aviv
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