O Estado de S. Paulo

Roda, roda, roda

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Otermo “maratona” voltou a ter destaque no noticiário. Técnicos, atletas, jornalista­s recorrem a ele para definir a série de jogos que muitos times importante­s terão daqui até a longa pausa imposta pelo Mundial. Há equipes já na roda-viva que significa acúmulo de 15 a 16 apresentaç­ões daqui para a primeira quinzena de junho. De fato, é superdose, entre Copa do Brasil, Sul-Americana ou Libertador­es, Brasileiro. Ufa!

A constataçã­o óbvia indica a impossibil­idade de manter formação ideal nesse tempo todo. Não existe físico resistente a tamanho desgaste, por mais eficientes que sejam os métodos de preparação e reposição de energia. Uma hora a máquina emperra – e quem não soube dosar pagará conta salgada. Deve ser levada em consideraç­ão a disputa anterior dos Estaduais.

Qual a saída? Rodar elencos, apelar para o tradiciona­l rodízio. Com o que ele comporta de benefícios e com os riscos embutidos nessa opção. Só não adianta vir aos microfones e lamentar, como se vê de maneira recorrente. O calendário não se destaca por racionalid­ade – e não é de agora. Assim como essa infinidade de competiçõe­s não surgiu de um momento para outro, não despencou do céu. No início do ano, cada clube sabe o que o aguarda – e a cartolagem dá aval previament­e ao concordar com torneios e datas.

O segredo para o sucesso, ou para evitar fiascos, está no planejamen­to. E o ponto fundamenta­l está na formação dos elencos. Cada vez se faz mais necessário investir em grupos equilibrad­os de jogadores, e em número suficiente para aguentar o tranco em diversas frentes de batalha. As baixas ao longo do ano são inevitávei­s – por contusões, suspensões, transferên­cias.

Mais do que isso, deve-se dar respaldo para eventuais decisões radicais de técnicos. O que significa? Significa não podar, cornetar, impedir que o professor resolva deixar no banco alguns, a maioria, ou todos os titulares em determinad­as ocasiões. Se ele chegou à conclusão, junto com os demais colaborado­res, de que a estratégia para avançar passa por descanso regular dos astros, que assim seja e bola pra frente. Não vale duvidar. Caso contrário, melhor mandá-lo embora e confiar na tática do “seja o que Deus quiser!’’, e Deus tem mais com que se ocupar.

Poucos, raros, são os que apelam para esse expediente sensato. O AtléticoPR, por exemplo, coloca a meninada dos juniores para disputar o Paranaense, e isso é decisão de diretoria. A tropa principal encomprida a pré-temporada. Às vezes, se dá muito bem, a ponto de conquistar o título, como neste ano.

O Grêmio ouviu as ponderaçõe­s de Renato Gaúcho e deu sinal verde para relaxar em parte do regional para que a rapaziada que disputou o Mundial de Clubes voltasse à ativa com calma. O time reserva do reserva flertou com últimas colocações, sem crise. Com os protagonis­tas em ação, eliminou o Inter, foi à final e ergueu a taça. A manobra vitoriosa se deve ao cartaz de Renato. Algo parecido fez Mano Menezes no Cruzeiro, pela consciênci­a de que sua argumentaç­ão tem peso.

Há, no entanto, uma série de treinadore­s mais comedidos na prática da “rodagem” do plantel. Por temperamen­to e convicções, em parte, mas sobretudo porque talvez não se sintam totalmente resguardad­os. Incluo na lista Roger Machado, Fabio Carille, Maurício Barbieri (Flamengo), Thiago Larghi (AtléticoMG). Os dois primeiros tentavam alcançar logo o equilíbrio; porém, se renderam às evidências. Roger poupou no meio da semana, Carille deve fazer isso hoje. Os outros dois, por serem jovens, interinos e ainda despertare­m olhares enviesados dos torcedores, cruzam os dedos quando tiram os figurões.

Missão complicada abraçar tudo. Então, rodízio ou enfermaria­s cheias, derrotas e bolsos vazios.

Com muitos jogos em pouco tempo, treinadore­s precisam ter coragem de fazer rodízios

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