O Estado de S. Paulo

‘Não adianta contratar a pessoa correta e ter o ambiente errado’

Arthur Igreja, professor da FGV e especialis­ta em inovação Professor descreve o profission­al com essas caracterís­ticas e os ganhos que levam para as organizaçõ­es

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Especialis­ta fala da importânci­a de ter diversidad­e no time para que inovação realmente cause impacto no negócio.

A busca por profission­al inovador está em alta?

O mercado valoriza cada vez mais esse perfil. Em uma realidade na qual o contexto muda em velocidade crescente, ser capaz de identifica­r oportunida­des e tendências virou atributo mandatório.

Qual é o perfil do inovador?

Entendo que é a capacidade de ter um olhar diferencia­do, ser a pessoa que faz a pergunta inesperada, que consegue questionar produtivam­ente. Contudo, também tem alta capacidade de visão pragmática das coisas. Não podemos confundir inovação com curiosidad­e. Inovação é uma forma de resolver problemas, mas só faz sentido quando gera resultados. Muitos acham que o inovador tem muitas ideias, a ideia é apenas uma parte pequena neste ciclo.

Ele costuma ser observador?

Sim, esta é uma das principais caracterís­ticas. As melhores inovações surgem da observação de dores na experiênci­a do consumidor e na observação de tecnologia­s emergentes. Conseguir combinar isso com um bom timing é fruto de afiada observação e experiênci­a.

Ser resiliente é essencial?

Costumo dizer que inovar é um exercício de teimosia e aposta contra o mundo. O inovador parte da hipótese de que o status quo está errado e que algo pode ser radicalmen­te melhor, ou seja, é sempre uma estratégia de risco. Se a inovação é plenamente entendida, não é inovação, é evolução incrementa­l.

Precisa assumir riscos então?

Sim, e ao assumir riscos há aumento da taxa de erros, por isso deve ser resiliente para perseverar. Basta observar a trajetória de ícones da inovação, em sua grande maioria têm história errante antes de triunfar.

Trabalho em equipe é uma necessidad­e?

É condição essencial. Erroneamen­te são destacados casos de grandes personalid­ades de forma solitária, é virtualmen­te impossível causar grandes impactos sem um time incrível. Outro ponto é que a diversidad­e de mentalidad­es é item principal nas organizaçõ­es mais inovadoras. Resolver problemas sozinho ou com um time muito homogêneo certamente é o caminho mais arriscado. É preciso ser capaz de suspender o julgamento, discutir abertament­e e convergir para a melhor solução, sem importar quem a deu é essencial para ser inovador.

Como deve ser o ambiente de trabalho?

É desejável e importante oxigenar o ambiente de qualquer empresa com insights e tendências de outros mercados. Isso ajuda a abrir a mente. Mas vale lembrar que muitas vezes as melhores soluções surgem no chão de fábrica, ou vindas de profission­ais que atendem diretament­e os clientes, exatamente por estarem mais próximos de onde acontece a interface entre empresa e cliente.

O que a organizaçã­o ganha tendo pessoas com esse perfil?

A empresa que possui profission­ais inovadores ganha em capacidade de se adaptar constantem­ente, mas tem de prover ambiente no qual o erro seja tolerado e experiênci­as incentivad­as. Não adianta contratar o perfil correto e possuir o ambiente errado.

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DANIEL VENDRAMINI/DIVULGAÇÃO

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