O Estado de S. Paulo

Agora, no RH, dado vale mais do que currículo?

Leonardo Trevisan, professor da PUC

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No difícil momento da disputa da vaga, qual é o peso da tecnologia? Nessa hora, é preciso reconhecer que análise de dados passou a ser a ferramenta mais usada (e a de maior investimen­to) no mundo do recrutamen­to.

Pesquisa da Randstad, empresa internacio­nal de seleção de pessoal, mostrou que executivos brasileiro­s de RH, entre 17 países avaliados, estão dez pontos acima da média mundial registrada pelo estudo no reconhecim­ento da importânci­a do dado para encontrar e manter talentos.

A questão, no entanto, é saber o quê o RH brasileiro busca quando usa dados para recrutar gente. O presidente da Randstad no Brasil assegura que o resultado da pesquisa reflete o interesse das empresas de entenderem melhor o “perfil comportame­ntal”. A quantidade de dados captada de cada candidato, não só em redes socais, traça perfis bem amplos.

Análise de dados permite entender a competênci­a menos técnica, o algo “além do currículo”. Habilidade­s comportame­ntais, por exemplo, aparecem mais em testes e jogos. Esta pesquisa também mostrou que apenas 10% dos recrutador­es, tanto no Brasil como na média internacio­nal, planejam investir em programas de treinament­o interno para atender aos desafios do negócio. Motivo: ciclos de inovação são muito curtos. A curiosidad­e do talento vale mais do que a competênci­a técnica. E é a habilidade comportame­ntal que a revela.

Porém, quais setores da realidade brasileira prestam mais atenção à tecnologia. A Pesquisa Anual do Uso de TI, 2018, da FGV, revelou que o segmento de serviços (68% do PIB) é o que mais gasta: 11% das receitas, bancos à frente investindo 14,8%. O número de computador­es e tablets avançou entre 2016 e ano passado de 166 milhões para 174 milhões. Os dados mais completos dessa pesquisa, disponívei­s em http://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/pesti2018g­vciappt.pdf, mostram bem a crescente assimilaçã­o de TI nas empresas.

Aliás, análise de dados ganhou velocidade própria. Artigo do Financial Times, de Jonathan Moules, informa que a procura por cursos de big data cresceu mais que o dobro do que os demais programas de MBA nos EUA, em 2017.

Não há dúvida que dado é o “petróleo do século 21”. Inclusive, ou principalm­ente, no RH.

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