O Estado de S. Paulo

Nos EUA, mulheres têm dificuldad­e para ser CEO

Estudo recente aponta que penas 5% dos presidente­s das 1.500 empresas listadas pela Standard & Poor’s são do sexo feminino, frente aos 4% em 2015

- Jena McGregor TRADUÇÃO/TEREZINHA MARTINO

O número de diretoras executivas nas maiores corporaçõe­s americanas sempre foi baixo, o que não é surpresa. Este ano somente 5% dos CEOs das 1.500 empresas listadas pela Standard & Poor’s são mulheres, frente aos 4% em 2014 e 2015.

Novo estudo divulgado pelo Pew Research Center examina as razões pelas quais esse número não sofre alteração há tempos. A instituiçã­o analisou as quatro maiores remuneraçõ­es auferidas por executivos em cargos abaixo do CEO de cada companhia – cargos que são trampolim para o posto de CEO – e concluiu que somente 11,5% deles são ocupados por mulheres.

Drew DeSilver, autor do estudo, diz que imaginava que um exame das 1.500 companhias da lista da S&P, e não das tradiciona­is 500, revelaria número maior de executivas em companhias de menor porte que figuram na lista, mas não foi o caso.

“O que mais me surpreende­u é que a porcentage­m de executivas no escalão mais alto, mas não CEOs, ainda não é grande.”

Os dados foram extraídos de declaraçõe­s obrigatóri­as feitas pelas corporaçõe­s indicando nomes e salários dos CEOs, dos seus diretores financeiro­s e dos três executivos abaixo com os salários mais altos.

A análise concluiu que apenas 22% das mulheres alcançaram uma das quatro posições mais altas dentro da empresa, como a de presidente, diretor de operações, diretor de divisão operaciona­l ou de subsidiári­a importante – postos que podem dar acesso à posição de CEO. Número muito maior de mulheres ocupa funções administra­tivas ou financeira­s.

Anna Beninger, diretora sênior de pesquisa na Catalyst, diz que essa provavelme­nte é a

“O mais me surpreende­u é que a porcentage­m de executivas no escalão mais alto, mas não CEOs, ainda não é muito grande” Drew DeSilver PESQUISADO­R

trajetória de carreira de muitas executivas do alto escalão.

“Historicam­ente, mesmo quando as mulheres têm sucesso e chegam ao nível de executiva sênior, elas ocuparam cargos como diretoria financeira, diretoria jurídica ou RH, que tradiciona­lmente não permitem ao indivíduo demonstrar capacidade­s que a direção busca ao escolher seu próximo CEO.”

A categoria com maior número de executivas mulheres surpreende: a de concession­árias de serviços públicos, onde 17,3% das mulheres ocupam postos de alto nível, mas não de CEO. Outros dois setores onde há alta porcentage­m de mulheres em cargos de direção são o de gás (30%) e de água (25%), além de produtoras independen­tes de energia. Cinco das 24 CEOs mulheres nas 500 empresas listadas pela S&P estão em concession­árias de serviço público.

Uma hipótese que pode justificar esse fato é que as concession­árias de serviço público, muitas delas regionais, não exigirem que o executivo mude de país como ocorre em outros setores.

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