O Estado de S. Paulo

Reformar ou vender, eis a questão

Decisão sobre o destino do imóvel deve ser tomada consideran­do, entre outros aspectos, o custo-benefício que envolve o tamanho da moradia e o seu tempo ‘de vida’

- Matheus Riga

“Reformar ou vender”, eis a questão. Seja por conta da chegada de um novo membro para a família, ou por causa de um novo animal de estimação, ou por diversos outros motivos, a pergunta permanece a mesma. A restrição do espaço, a localizaçã­o e o custo da operação devem ser colocados na balança na hora de resolver esse dilema.

O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana, diz que o primeiro passo para resolver o dilema é observar a questão objetivame­nte, já que trata-se de um bem durável “que está dentro da faixa de preço de tudo o que uma família consegue juntar ao longo da vida”.

A dica de Viana é fazer o orçamento tanto da reforma quanto da aquisição de um novo imóvel e compará-los. “Isso é o básico, as pessoas têm de saber analisar o custo-benefício de cada uma das opções”, diz.

Para ele, o tamanho do imóvel é outra questão que deve ser levada em consideraç­ão. “O problema do espaço é seríssimo”, afirma. “É ele que molda a estrutura de convivênci­a da família.” Segundo Viana, todo o planejamen­to

da casa deve ser repensado com a chegada de um novo membro na casa.

No caso da arquiteta Fernanda Tegacini, a opção foi pela venda do apartament­o em que ela morava com o marido e sua filha. Com a notícia de que estava grávida, a preocupaçã­o com o espaço disponível no imóvel em que vive falou mais alto.

“A ideia de mudar foi realmente para buscar mais espaço e o conforto de todo mundo”, afirma Fernanda. A dois meses de ter mais uma menina, a arquiteta optou, então, por não colocar as duas filhas no mesmo quarto do apartament­o de 79m² onde

mora.

A principal preocupaçã­o era, segundo ela, que a rotina da sua futura filha não atrapalhas­se a da outra. “Bebês têm necessidad­es muito específica­s, como o berço e a poltrona de amamentaçã­o, que ocupam bastante espaço”, afirma. “Também não queria que a outra criança fosse acordada de madrugada.”

Como sabia da demora e o estressa que envolvem uma reforma, decidiu alugar um outro apartament­o para quando sua filha nascesse. “Optei ir para um lugar que já estava reformado, mais organizado, para poder receber a bebê com calma.”

O plano de Fernanda é ficar no apartament­o alugado, vender o seu para poder comprar um outro imóvel e reformá-lo à sua maneira. “Só não parti para a reforma, porque não queria assumir esse compromiss­o”, afirma. “Quis deixar minha saúde mental na gravidez mais tranquila.”

Reforma. Repaginar o imóvel foi a opção do casal Andreia e José Luiz Alfieri e. A professora, que já era mãe de dois filhos, se apaixonou e casou com o empresário e eles decidiram que Alfieri iria se mudar para o apartament­o dela.

Para que isso realmente ocorresse, porém, era necessário promover uma reforma no apartament­o. Com 98 m², o imóvel de Andréia tinha apenas um banheiro, que dividia com os filhos. A presença de Alfieri na casa exigia uma nova configuraç­ão da casa.

“O problema inicial era viver dividindo o mesmo banheiro com as crianças”, afirma Alfieri. “Chegamos a procurar algum outro imóvel que tivesse pelo menos dois banheiros, mas optamos pela reforma.” Segundo o empresário, a confiança que a arquiteta deu de que solucionar­ia a questão foi fundamenta­l para a escolha do casal.

Além da criação de um novo banheiro, a reforma do imóvel também interligou a sala com a cozinha e construiu um escritório. “A mudança foi bem radical, mas foi positiva em todos os termos possíveis”, afirma Alfieri. “O apartament­o parece que ficou mais arejado, mais claro.”

A maior dificuldad­e, no entanto, foi ter de ficar os quatro meses de reforma longe do imóvel. “Quando você vê o momento de destruição do apartament­o, você percebe que é impossível ficar lá dentro”, diz. “É muita poeira, não tem condições.”

Para a arquiteta Carmen Avila, os casos em que as pessoas podem continuar morando enquanto a reforma se desenrola são poucos. “É sempre melhor quando a pessoa sai. Fica mais rápido e o resultado é melhor com menos estresse”, afirma.

O maior desgaste de uma reforma, segundo Carmen, é encaixar a necessidad­e do cliente

“O espaço é o problema. Ele molda a estrutura familiar. Com a chegada de um novo membro, tudo deve ser repensado” José Augusto Viana PRESIDENTE DO CRECI-SP

com o que o apartament­o consegue suportar. “Adoro fazer reforma, mas o arquiteto precisa saber exatamente o que o morador quer que seja feito naquele imóvel”, afirma. Para ela, as exigências devem ser passadas de maneira bem clara.

Na mesma linha de pensamento, a arquiteta Fernanda Takadachi diz que o principal papel de sua profissão é avaliar o apartament­o e ver se é possível dar a ele a forma que os proprietár­ios querem. “Cada morador é um morador com uma necessidad­e diferente”, afirma. “A gente precisa ouvir o que ele precisa para poder chegar no que eles querem.”

Para alcançar e cumprir as expectativ­as dos clientes, a arquiteta Ana Yoshida diz que é fundamenta­l ter diversas reuniões e conversas com os clientes até que se chegue em soluções adequadas. “Temos sempre que perguntar o que eles estão vivendo e o que desejam melhorar”, afirma.

Um das formas de apresentar as soluções, como conta Ana, é exibir para os seus clientes como a obra seria finalizada, por meio de ferramenta­s de desenho tridimensi­onais. “Isso ajuda muito a concretiza­r e mostrar a ideia realmente aplicada no espaço”, diz.

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JF DIORIO / ESTADÃO Alteração. O casal Andreia e José Luiz opou pela reforma do apartament­o
 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ?? Venda. Grávida, Fernanda quis mudar de casa
FELIPE RAU/ESTADÃO Venda. Grávida, Fernanda quis mudar de casa
 ?? JF DIORIO / ESTADÃO ?? Reforma. José e Andréia decidiram permanecer no imóvel
JF DIORIO / ESTADÃO Reforma. José e Andréia decidiram permanecer no imóvel

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