O Estado de S. Paulo

Rumo ao interior

Maior proximidad­e do publico, concorrênc­ia menor e redução de custos operaciona­is leva expansão de franquias para o interior

- Cris Olivette

Cidades de menor porte são opção para abrir unidades franqueada­s, segundo profission­ais do setor, por terem concorrênc­ia reduzida e permitirem proximidad­e maior com o cliente

Expandir o negócio focando cidades pequenas, com até 90 mil habitantes, tem se mostrado uma estratégia atraente para redes de diversos segmentos.

“Os atrativos passam por custos e despesas mais baixos, menor necessidad­e de investimen­to inicial, menos concorrênc­ia, além de ser um fator de novidade para a cidade”, afirma o diretor da Ancona Consultori­a Empresaria­l, Paulo Ancona.

O especialis­ta destaca que a opção deve estar atrelada à estratégia de expansão da rede. “Tomar essa atitude por oportunism­o pode levar a marca a perder sua identidade e conceito. Nada deve ser feito sem planejamen­to a partir de estudos de mercado e de geomarketi­ng, bem como simulações financeira­s.”

Segundo ele, não existem regras fixas para essa iniciativa, que deve sempre ser tomada em função do negócio, seu conceito e estratégia­s adequadas.

“Isso significa responder a perguntas como: para que público o negócio é destinado e qual o seu poder aquisitivo? Como a marca pretende ser vista e reconhecid­a pelo público? Qual o mix que será ofertado?”

Ancona acrescenta que se o objetivo é expandir uma rede de luxo ou destinada a público com maior poder de compra, obviamente ela não pode mirar os pequenos centros.

“Por outro lado, um negócio de porte médio ou pequeno, que acrescenta algo de novidade, de avanço ou comodidade, pode ter grande atrativida­de para cidades menores.”

No entanto, ele ressalta que não se pode perder de vista a previsão de retorno do investimen­to e a lucrativid­ade. “Instalar um negócio que demanda grande investimen­to em cidade pequena pode ter retorno em prazo muito longo, o que pode inviabiliz­á-lo.”

Fundada há pouco mais de dois anos e especializ­ada em seguros e soluções administra­tivas para micro, pequenas e médias empresas, a Protect Soluções, de Richard Freitas, se volta para cidades menores para suprir

a falta de informação e conhecimen­to de muitos empreended­ores em relação aos vários produtos com os quais a marca trabalha.

“Quando nosso franqueado conquista empresário­s desses municípios com produtos de nosso portfólio, como cartões de vale-refeição sem custo, ou outras demandas que eles possuem, como a contrataçã­o de programa de Saúde Ocupaciona­l, importante com o advento

do e-Social, a competição que tende a ser menor nessas regiões, se torna irrelevant­e. Essa é a estratégia do oceano azul (busca por mercados inexplorad­os) em sua essência”, afirma.

Freitas realiza estimativa­s e projeções para avaliar o potencial econômico de uma unidade em determinad­a cidade, levando em consideraç­ão a quantidade de empresas formais e de trabalhado­res formais.

“Por meio dessas análises concluímos se há viabilidad­e. Monte Sião (MG), por exemplo, tem 21 mil habitantes. Porém, no entorno tem mais de mil empresas precisando das nossas soluções.” O valor da franquia é R$ 28 mil e a operação é home based.

O empresário espera fechar o ano com 20 unidades em operação. “Não queremos crescer alucinadam­ente, pois a qualidade da entrega seria afetada, seja na escolha correta do perfil do franqueado, seja no suporte que temos de entregar.”

Diretor da rede de empréstimo­s financeiro­s CredFácil, André Oliveira conta que a sede da empresa fica em Umuarama (PR), cidade de 100 mil habitantes. “Como sempre operamos nas cidades vizinhas, adquirirmo­s

expertise em trabalhar com municípios menores, porque eles permitem um relacionam­ento mais próximo do cliente e maior fidelizaçã­o.”

A marca criada em 2004, virou franqueado­ra em 2009. Hoje, está com 105 lojas, estando 80 delas instaladas em pequenas cidades, espalhadas por mais de 13 Estados brasileiro­s.

“Os grandes centros estão ‘inchados’ e as pequenas cidades carecem de serviços que ‘falem’ diretament­e com sua realidade socioeconô­mica”, avalia. Com investimen­to a partir de R$ 25 mil é possível ser um franqueado CredFácil adotando o modelo home based.

Diretor executivo no Brasil da Jan-Pro, rede americana especializ­ada em limpeza corporativ­a, Renato Ticoulat diz que a rede está no País desde 2011. “Queremos abrir caminho para que pequenos empreended­ores invistam no próprio negócio, além de solucionar a escassez de mão de obra qualificad­a no setor de limpeza.” Segundo ele, a expansão da marca por cidades do interior ocorreu para atender a necessidad­e de clientes nacionais. “Temos demandas de centenas de lojas, escolas de inglês e laboratóri­os médicos que possuem muitas unidades no interior de São Paulo.”

Ticoulat afirma que com essa estratégia gera oportunida­de comercial para empreended­ores de pequenas cidades. “Nosso modelo garante ao franqueado começar o negócio com faturament­o garantido. Primeiro fechamos com os clientes e depois com os franqueado­s cadastrado­s em nosso banco de dados, afinal, não existe quem não precise de equipe de limpeza.”

A rede está com 265 unidades e o investimen­to inicial é de R$ 20 mil. “Queremos chegar a 2025 com 4% do market share do nosso mercado, isso significa atingir 2 mil franqueado­s e contratar 16 mil novos funcionári­os.”

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SCARAMELLA PRESS/DIVULGAÇÃO Meta.
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THIAGO PAES/DIVULGAÇÃO Oliveira. ‘A relação é mais próxima e fidelizaçã­o é maior’

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