decoração
Uma década de estilo
Metais, cristais, vidros coloridos: anos 1970 permanecem como uma referência forte no design de interiores
Metais, cristais, vidros coloridos. Com seu visual marcante, construído com base em uma diversidade rara de materiais, a década de 1970 continua sendo uma referência forte no design de interiores. Ainda assim, tomar o período como inspiração para decorar, é uma tarefa muito mais complexa do que possa parecer à primeira vista.
“É preciso conhecer bem as características da época. Ela tem elementos muito atraentes, mas que podem pesar se utilizados de forma indiscriminada”, afirma o arquiteto Max Crovato, fã confesso do período, que adora garimpar lojas e antiquários especializados em busca de móveis e objetos para compor seus projetos de interiores.
Exemplo de uma incursão bem-sucedida à era disco, este apartamento de 100 m², no Paraíso, foi inteiramente decorado com peças que fazem referência à década. Lar de um produtor artístico, para quem Max havia projetado há dez anos, trata-se de uma quase reciclagem. Sem grandes mudanças estruturais, o profissional deteve-se na pintura das paredes e no restauro dos pisos, já bastante desgastados, para imprimir novos ares à decoração.
“Num momento de maturidade estética e financeiramente mais estável, o morador sentiu necessidade de um certo ‘refresh’. Nosso foco foi renovar o mobiliário e reforçar os acessórios”, conta o profissional, que admite que suas
opções estéticas e apreço pelo estilo vintage foram decisivos na sua contratação. “O morador me contratou por se identificar com traços bastante presentes no meu trabalho, tais como a mistura de materiais, o uso do prata e do dourado, de vidros e acrílicos de diferentes cores e formatos”, revela Max.
Neste sentido, entre as apostas declaradamente de época do décor, a mesa de metal cromado e vidro fumê e o abajur de acrílico, dispostos ao lado do sofá não deixam margem a dúvidas. Assim como a arandela Ariette Design, de Tobia Scarpa, outro clássico do período.
Por outro lado, ainda que a mistura de materiais, objetos e cores tenha sido fundamental na construção da atmosfera desejada, o arquiteto reconhece que ela também é bastante arriscada. “É necessário garimpar boas peças, conhecer antiquários com produtos em bom estado, saber harmonizar as escolhas”, diz.
Segundo Max, não existem regras do que po-
de, ou não, ser tomado como inspiração ao se observar a década, mas, ainda assim, é aconselhável evitar excessos. “Manter a unidade de materiais, não misturar metais dourados a cromados e optar por cores mais neutras são dicas valiosas para quem está dando os primeiros passos no estilo”, diz o arquiteto.
Outro procedimento adequado para quem quer trabalhar com design vintage, segundo Crovato, é optar por lojas físicas. “É arriscado comprar móveis e acessórios antigos por ecommerce. Como foi fabricado há décadas, é quase certo que o produto esteja no mínimo um pouco desgastado. A pessoa não consegue ter uma clareza do estado real da peça quando compra pela internet e corre o risco de investir em um produto muito mais detonado do que o que aparece na foto”, afirma ele. “Sem falar do custo de um posterior restauro que pode encarecer demais o valor final, tornando a compra desvantajosa”, conclui.