Obrador abre guerra a empresários no México
Eleições. Em discurso de campanha, líder nas pesquisas chamou os principais bilionários do país de ‘traficantes de influência que se beneficiam da corrupção’; organização patronal condena ataques e acusa candidato de minar a confiança no setor privado
Andrés Manuel López Obrador, candidato esquerdista que lidera as pesquisas para a eleição presidencial do México, marcada para 1.º de julho, abriu guerra contra os empresários do país. Ontem, em discurso de campanha, Obrador acusou um grupo de empresários, a quem chama de “máfia do poder”, de se sentirem “donos do México”.
“Eles não querem deixar de roubar”, afirmou o candidato do Movimento da Regeneração Nacional (Morena) durante comício na cidade de Guadalupe, nos arredores de Monterrey. “Eles acham que são donos do México.” Durante toda a semana passada, Obrador chamou os principais bilionários do país de “traficantes de influência que se beneficiam da corrupção”.
Entre os alvos preferidos de Obrador estão Alberto Bailleres, segundo homem mais rico do México e dono do Grupo BAL, um conglomerado de empresas que atuam nos setores de seguro, metalurgia e agronegócio; Germán Larrea, CEO do Grupo México, maior empresa de mineração do país; e Alejandro Ramirez, executivo da Cinépolis, maior cadeia de cinemas do México.
“Este grupo de empresários, que no sentido estrito não são empresários, são traficantes de influência que se aproveitam da corrupção. A todos eles, tenho a dizer apenas uma coisa. Não se preocupem, porque não continuarão a roubar e não terão mais o privilégio de seguir dando ordens”, afirmou Obrador em discurso de campanha, no feriado de 1.º de Maio, em Veracruz.
A reação do empresariado foi imediata. O Conselho Mexicano de Negócios, uma das principais organizações patronais do país, rebateu as acusações em anúncios nos principais jornais mexicanos, condenando a difamação e os ataques pessoais. “Com essas acusações e esse discurso agressivo, Obrador está minando a confiança no setor privado”, afirmou Alejandro Ramirez, em entrevista à Reuters. “E confiança é o que impulsiona os investimentos.”
Em pesquisa divulgada na semana passada pelo diário Reforma, Obrador tem 48% das intenções de voto. Em segundo lugar vem Ricardo Anaya, do Partido da Ação Nacional (PAN), com 30%, seguido de José Antonio Meade, do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), com 17%.
O que facilita o caminho do candidato esquerdista é que no México não há segundo turno, o que permite a um candidato vencer a eleição com menos da metade dos votos – em 2006, por exemplo, Felipe Calderón foi eleito com 36,9% dos votos, um ponto porcentual a mais do que o próprio Obrador.
Legislativo. Segundo sondagem do instituto Consulta Mitofsky, divulgada ontem, o partido de Obrador também deve ser o maior na Câmara dos Deputados. O Morena faria de 115 a 142 parlamentares. A segunda força seria o PAN, com uma bancada que pode variar de 94 a 116 cadeiras. O PRI faria um mínimo de 54 e um máximo de 76 deputados.