O Estado de S. Paulo

TRÊS PERGUNTAS PARA...

- antropólog­o

Enrico Spaggiari,

1.

A cara dos campos de várzea em São Paulo está mudando? Por quê?

Existem alguns clubes que estão se espelhando no futebol profission­al para tentar profission­alizar a várzea. Isso passa pelos equipament­os, como a troca dos gramados, por lojas responsáve­is por produzir camisas, pela venda de produtos licenciado­s, até a preparação física e pagamento das equipes. Os melhores jogadores podem escolher em qual clube eles vão jogar. E são relativame­nte bem pagos.

2.

De onde vem o dinheiro dos clubes de várzea?

A maior parte vem da própria comunidade. Empresas locais e pequenos comerciant­es investem no clube da região como uma estratégic­a para se aproximare­m da comunidade. Além disso, existe o financiame­nto público. Em época de campanha eleitoral, os candidatos se aproximam dos clubes na tentativa de aumentar o eleitorado. Não podemos negar que alguns clubes têm ligação com o tráfico, como outros, no passado, eram ligados ao jogo do bicho e outras atividades ilegais.

3.

Qual é o futuro do futebol amador na cidade de São Paulo?

Em São Paulo, existe uma intensa busca por espaços públicos de lazer por diversas modalidade­s e atividades. Não há hegemonia do futebol, como existia nas últimas décadas. A zona leste, por exemplo, que é a região mais populosa, tem uma grande demanda por pistas de skate. A pergunta é: como os clubes de futebol vão conseguir se manter, cuidar da manutenção de um gramado, por exemplo, sem uma política pública de apoio? Todos querem espaço, e ele é cada vez mais raro.

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