Morar no Paiçandu
Quem mora no Largo do Paiçandu convive com promessas não cumpridas: Broadway Paulista, Escola de Circo, Carnegie Hall Paulista e outras ideias morreram após eleições. Também convive com ideias estúpidas, como o Centro Aberto, que destruiu parte da área verde (como se o centro tivesse muitas) para fazer uma plataforma que só abriga mendigos e frequentadores da Feira do Rolo – onde se vendem celulares e outros produtos furtados em todo o centro e que funciona normalmente sob o olhar complacente de dezenas de PMs. Aqui o policiamento é de vez em quando e a presença da GCM, tão comum quanto as aparições do saci-pererê. A noite é
dominada pelo som alto dos botecos nunca fiscalizados. Noias, bêbados e mendigos acampam na porta alheia por meses. Enfim, abandono e corrupção terminam em tragédias, com rufiões explorando moradores de rua e edifícios em chamas. Situações mantidas com apoio da Defensoria Pública, que trola quem ousa sugerir que a porta de sua casa não é lugar para noiados ficarem acampados e prédios inflamáveis não devem ser ocupados. E assim o absurdo continua. Agora mesmo o largo fede a urina e está ainda mais imundo do que o habitual, ocupado por gente que precisa e gente que se aproveita. Novas pichações cobrem as paredes. Quem comprou seu apartamento honestamente e está pagando pelas más decisões dos outros é considerado subcidadão, quando não criminoso, por uma imprensa e uma Prefeitura que só têm olhos para a tragédia do momento. E ainda falam em recuperação do centro...
FABIO OLMOS f-olmos@uol.com.br São Paulo