O Estado de S. Paulo

Barroso prorroga inquérito dos Portos

Ministro do STF nega pedido para arquivar a investigaç­ão que envolve Michel Temer e dá mais 60 dias para os trabalhos da Polícia Federal

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo Fabio Serapião / BRASÍLIA

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, negou ontem pedido da defesa do presidente Michel Temer para arquivar as investigaç­ões que apuram suspeitas de irregulari­dades na edição do chamado Decreto dos Portos. O ministro atendeu à Polícia Federal e prorrogou a apuração por mais 60 dias. Essa foi a terceira prorrogaçã­o de prazo do caso – a última foi em fevereiro.

A defesa do presidente solicitou o arquivamen­to do inquérito em janeiro, um dia após Temer responder por escrito às 50 perguntas da PF na investigaç­ão que tramita na Corte e apura possível favorecime­nto ao Grupo Rodrimar na edição do decreto. Os advogados do presidente alegam que a Rodrimar não foi favorecida, “não havendo, por consequênc­ia, ilícito de nenhuma espécie”.

Na decisão, Barroso disse que a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, considera que é necessário aguardar a conclusão das diligência­s em andamento “para que se possa formar opinião sobre a existência material dos delitos investigad­os”. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, classifico­u de “perseguiçã­o” a decisão de Barroso de negar o pedido de arquivamen­to. “É mais um capítulo dessa perseguiçã­o disfarçada de inquérito”, afirmou Marun ontem no Planalto.

Barroso também rejeitou um pedido da defesa do ex-assessor especial da Presidênci­a José Yunes, amigo de Temer, que queria acesso ilimitado aos autos de todas as ações cautelares relacionad­as ao inquérito.

‘Câmbio, desligo’. Delatores disseram a investigad­ores da “Câmbio, desligo” que a Odebrecht utilizou um operador e uma empresa de entrega de valores investigad­os na operação para efetuar repasses ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e a Yunes. Os pagamentos seriam parte dos R$ 10 milhões supostamen­te prometidos pela empreiteir­a ao grupo político de Temer em jantar realizado em 28 de maio de 2014, no Palácio do Jaburu. O episódio sustenta outro inquérito em que Temer é investigad­o.

O policial militar Abel de Queiroz disse ter feito ao menos duas entregas no escritório de Yunes entre 2013 e 2014. Queiroz era funcionári­o da Transnacio­nal, filial paulista da Transexper­t, alvo da “Câmbio, desligo” e apontada como parte do sistema financeiro paralelo comandado pelo doleiro Dario Messer.

A defesa de Temer negou “qualquer envolvimen­to” do presidente com os fatos em apuração. Em nota, o advogado de Padilha disse que o ministro “repudia tais acusações e vai se manifestar perante o Judiciário”. A defesa de Yunes disse que ele “não conhece e nunca teve contato com Abel de Queiroz”. A Odebrecht diz colaborar com a Justiça.

“É necessário aguardar a conclusão das diligência­s para se formar opinião sobre a existência material dos delitos investigad­os.” Luís Roberto Barroso MINISTRO DO STF

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FELIPE RAU/ESTADÃO Alvo. Michel Temer participa de feira em São Paulo; presidente criticou decisão de Barroso de prorrogar investigaç­ão

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