Temer diz não ter receio de ser preso: ‘Seria uma indignidade’
O presidente Michel Temer afirmou ontem, em entrevista à rádio CBN, que não tem receio de ser preso, a exemplo do que ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato.
A declaração foi feita no mesmo dia em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, atendeu ao pedido da Polícia Federal para prorrogar por 60 dias o inquérito que investiga o presidente e aliados por suspeitas de irregularidades na edição do Decreto dos Portos.
“Não temo, não (ser preso). Seria uma indignidade. Lamento estarmos falando sobre isso”, disse o presidente quando questionado o sobre assunto. Temer voltou a negar ter beneficiado uma empresa ao editar o decreto do setor portuário e disse que não há motivos para o processo ter prosseguimento.
A defesa de Temer chegou a pedir o arquivamento das investigações, mas Barroso negou. “Um inquérito que começa sem saber por que, prossegue sem saber por que e certamente vai terminar sem saber por quê”, disse. “É como fazer inquérito para investigar um assassinato que não tem cadáver.”
Para o presidente, há uma tentativa de “irritá-lo ao invés de preservar a ordem jurídica e examinar os autos”. Ele afirmou ainda que é vítima de uma “campanha feroz” contra sua honra que “aumentou brutalmente sob o ângulo moral” após ter admitido a possibilidade de concorrer à reeleição em outubro. Em outro momento da entrevista, o emedebista afirmou que é “demonizado”.
No ano passado, a Câmara dos Deputados barrou duas denúncias contra ele apresentadas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. As acusações formais foram apresentadas com base na delação premiada do Grupo J&F, do empresário Joesley Batista.