O Estado de S. Paulo

Alckmin age para conciliar interesses de MDB e DEM

Presidenci­ável tucano tenta evitar que possível aliança com partido de Michel Temer afaste sigla de Rodrigo Maia

- Pedro Venceslau Renata Cafardo / COLABOROU FÁBIO GRELLET

O entorno do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidênci­a da República, tenta evitar que a aproximaçã­o do tucano com o presidente Michel Temer afaste antigos aliados da área de influência da legenda na campanha.

Conforme antecipou o Estado em abril, o emedebista e o tucano abriram um canal de diálogo para formar uma chapa unificada do centro, que pode ter o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) como vice do ex-governador tucano.

Após as primeiras tratativas, que foram feitas por meio de interlocut­ores, Alckmin e Temer se falaram por telefone na semana passada. A expectativ­a era de que eles se encontrass­em no próximo fim de semana, mas a reação negativa do DEM levou os tucanos a reavaliare­m a reunião, que deve ser adiada.

Questionad­o ontem, durante evento no Rio, se a conversa com Temer não poderia prejudicar sua candidatur­a, por causa da impopulari­dade do presidente, Alckmin falou em “civilidade”. “Eu converso com todo mundo. Nós estamos vivendo momentos de incivilida­de. De um lado ódio e radicalism­o, que não levam a nada. Conversar não significa que vai ter aliança ou que não vai ter”, declarou o pré-candidato tucano.

O convite de Temer para o ex-senador tucano José Aníbal assumir a secretaria-geral da Presidênci­a da República, divulgado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, acirrou ainda mais os ânimos entre PSDB e DEM. A iniciativa de convidar Aníbal foi feita à revelia da executiva PSDB. Segundo aliados de Alckmin, a aproximaçã­o com o MDB precisa ser feita com cautela para não melindrar outros aliados.

Ontem, a socióloga Maria Helena Guimarães pediu exoneração do cargo de secretária executiva do Ministério da Educação. Filiada ao PSDB, ela era a tucana no mais alto cargo na administra­ção Temer depois do chanceler Aloysio Nunes, nomeado na cota pessoal do presidente. “Não fazia mais sentido continuar. Se eu não posso ser ministra sendo do PSDB, também não posso ser secretária executiva”, disse ela ao Estado. Maria Helena, no entanto, afirma que Temer sempre a apoiou.

Embora o DEM mantenha formalment­e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), como pré-candidato ao Planalto, o partido discute alternativ­as. Nos bastidores, a sigla fala em um nome para apresentar como eventual candidato a vice de Alckmin: o ex-ministro da Educação Mendonça Filho. O problema é que o MDB também não abre mão de indicar o vice.

Em reação às conversas entre PSDB e MDB, o DEM se aproximou do senador Álvaro Dias (PR), pré-candidato do Podemos. Ele e Maia já se encontrara­m pelo menos uma vez para tratar de possível composição.

Emissários. Segundo o site BR18, antes da conversa entre Temer e Alckmin por telefone, dois emissários do tucano foram ao presidente abrir caminho para uma aproximaçã­o: os ex-secretário­s e hoje deputados Samuel Moreira (PSDB) e Arnaldo Jardim (PPS). Para um interlocut­or do presidente, Alckmin precisa escolher porta-vozes de “mais alta patente” para que as conversas ganhem corpo.

O tucano já tem o apoio de pelos menos dois partidos: o PPS e o PSD. Alckmin, no entanto, espera chegar em junho com pelo menos cinco siglas ao seu lado.

“Não fazia mais sentido continuar. Se eu não posso ser ministra sendo do PSDB, também não posso ser secretária executiva.” Maria Helena Guimarães EX-SECRETÁRIA EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

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FELIPE RAU/ESTADÃO Cotado. Meirelles (MDB) pode ser vice de Alckmin (PSDB)

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