MENINAS SOBEM ESCALÕES EM GANGUE LATINA
‘Filial’ da Mara Salvatrucha nos EUA, a MS-13, recruta jovens para cometer crimes violentos
Durante 15 anos elas viveram vidas paralelas. Abandonadas em El Salvador pelas mães que foram para os EUA, cresceram em San Vicente, a alguns quilômetros de distância e eram adolescentes quando a cidade mergulhou na violência das gangues.
Elas fugiram uma depois da outra com semanas de diferença, seguindo para o norte em 2014 pela mesma rota do contrabando, até chegarem aos subúrbios de Washington.
Foi ali que Venus Iraheta e Damaris Reyes Rivas finalmente se encontraram, após se envolverem na mesma violenta gangue de rua, a MS-13, e foi ali, num parque arborizado em Springfield, Virgina, que Venus apunhalou Damaris 13 vezes.
Mesmo em meio a um aumento em todo o país dos crimes cometidos pelo MS-13 em 2017, o assassinato se destacou. Vítimas mulheres não constituem uma novidade no caso do MS13, conhecido na América Central por fazer com que as jovens escolham entre o estupro ou a execução.
Mas numa gangue tão chauvinista quanto temida, não se ouvia quase falar de mulheres assassinas. Citando o caso de Venus, hoje com 18 anos, que aguarda sentença no final do mês, as autoridades afirmam que o crime pode ser uma indicação do envolvimento crescente das mulheres no MS-13 nos EUA.
Ao contrário do Mara Salvatrucha na América Central, algumas facções do MS-13 nos EUA permitem hoje a entrada de mulheres, disse Michael Prado, agente especial do Departamento de Segurança Interna. “Neste aspecto eles são progressistas. Aqui eles estão um pouco mais ‘americanizados’.”
Os agentes receberam instruções para investigar as jovens tão atentamente quanto os homens com relação ao envolvimento com a gangue, disse Prado. “Há mulheres da MS-13 envolvidas em atividades cruéis e violentas.”
Algumas aderiram à MS-13 para fugir da pobreza, da falta de moradia ou do abuso sexual, para depois se prostituírem pela gangue, afirmam os funcionários da imigração. Outras são atraídas pela reputação da gangue – com frequência mencionada pelo presidente Trump – considerada a mais perigosa do mundo.
“A MS-13 é o novo mau elemento na vida das garotas”, disse Carlos Salvado, advogado da defesa que tem representado as jovens acusadas de conexões com o grupo. “Os pais ficam sabendo o que sua filha está fazendo quando são chamados pela polícia.”
Venus disse que foi apresentada ao MS-13 ainda criança. Negou ser membro do grupo, mas defendeu a gangue. “Observamos um aumento da atividade violenta das jovens”, disse Patrick Lechleitner, agente especial.
Quando um sem-teto foi esfaqueado até a morte atrás de uma loja de bebidas em Suitland, Maryland, em 2014, entre os seis presos pelo crime estava uma jovem de 17 anos. Katherine Lopez havia ingressado na MS-13 em Las Vegas, depois que foi sexualmente abusada por um membro da família. Ela assumiu a culpa e foi condenada a 10 anos de prisão.