O Estado de S. Paulo

Putin promete foco em política interna no 4º mandato

Presidente russo assume por mais 6 anos após vitória em março, em eleição praticamen­te sem opositores; Medvedev é indicado premiê

- MOSCOU

O presidente Vladimir Putin, o líder russo que mais tempo está no poder desde Josef Stalin, tomou posse ontem para um quarto mandato. Seu breve discurso, fortemente voltado para temas domésticos, foi feito a alguns milhares de convidados no Kremlin e com muita pompa.

O presidente russo enfatizou o que precisa ser feito internamen­te, referindo-se aos desafios que o país enfrenta há tempos com uma economia estagnada e uma taxa de natalidade decrescent­e. Segundo ele, a Rússia precisa expandir a liberdade para empreended­ores e cientistas, investir no desenvolvi­mento regional e elevar a qualidade da educação e da saúde.

“A Rússia é um participan­te forte, ativo e influente na vida internacio­nal”, disse Putin, que governará por mais seis anos. “Mas agora temos de utilizar todos os recursos que estiverem à nossa disposição para, primeiro, internamen­te, resolver os mais vitais desafios de desenvolvi­mento.”

Como ocorre na maioria dos eventos de Putin, a cerimônia foi meticulosa­mente coreografa­da para a televisão. Antes de seu discurso, o líder de 65 anos atendeu a um telefonema em sua mesa avisando que era hora da cerimônia. Ele se levantou,

vestiu o paletó e caminhou por um tempo consideráv­el antes de cruzar os corredores do Kremlin, como mostrou a TV estatal. Ele utilizou uma limusine de fabricação russa para se deslocar até o prédio onde tomou posse, no mesmo salão onde eram coroados os czares.

Putin conquistou a reeleição em março com cerca de 77% dos votos, a maior margem de vantagem de um líder pósUnião Soviética. Seus aliados afirmam que o resultado demonstra o amplo apoio a Putin, mas os críticos dizem ser um retrato da falta de qualquer oposição real no país.

Putin já havia prometido melhorar a vida dos cidadãos em um discurso este ano. No entanto, o tema tem sido eclipsado pelas tensões com o Ocidente, que vão desde os temores de uso de armas nucleares ao envenename­nto de um espião russo no Reino Unido. De acordo com o Washington Post, há sinais de que os russos estão ficando cada vez mais impaciente­s com o cresciment­o lento da economia e com a corrupção.

Seu adversário mais perigoso, Alexei Navalni, foi impedido de concorrer. No sábado, ele e centenas de apoiadores foram detidos pela polícia enquanto protestava­m em Moscou contra o novo mandato de Putin com o slogan: “Putin não é nosso czar”. O opositor foi libertado ainda no fim de semana.

O fiel aliado de Putin, Dimitri Medvedev, foi indicado por ele para ser seu primeiro-ministro, uma decisão que deverá ser confirmada hoje pelo Parlamento. Medvedev tem sido o principal alvo dos protestos anticorrup­ção de Navalni.

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ALEXANDER ZEMLIANICH­ENKO/EFE Continuida­de. Putin chega para posse em salão onde czares eram coroados: presidente foi reeleito em março com 77% dos votos

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