O Estado de S. Paulo

Flamengo vai do protesto à euforia em três partidas

Depois de receber uma chuva de pipocas no aeroporto, time se recupera e assume a liderança do Brasileirã­o

- Marcio Dolzan / RIO

Há 11 dias, o elenco do Flamengo se preparava para embarcar no aeroporto do Galeão quando foi recebido por uma chuva de pipocas. Os responsáve­is foram alguns “torcedores” do próprio clube, indignados com a fase do time. O rubro-negro ficara de fora das finais do Carioca, patinava na Libertador­es e tentava contratar um novo técnico havia quase um mês. Em suma, o momento era péssimo. Mas bastaram três jogos com eficiência acima da média para o futebol voltar a ser o centro das atenções, a paz retornar à Gávea e o Flamengo surgir como o time a ser batido neste início de Brasileirã­o.

Na vitória por 2 a 0 sobre o Internacio­nal, no domingo, o time carioca completou cinco partidas seguidas sem sofrer nenhum gol. No Brasileiro, são três vitórias e um empate, o que garante ao time carioca a liderança isolada da competição, algo que não acontecia desde o campeonato de 2011.

O bom momento do time contribui para o sucesso como um todo. Enquanto a defesa quase não é vazada, o ataque é o mais positivo do Brasileiro, com nove gols marcados em quatro rodadas. Desse total, o trio ofensivo formado por Lucas Paquetá, Vinicius Júnior e Henrique Dourado foi responsáve­l por seis – cada jogador fez dois gols.

Junto com Vinicius Júnior, Paquetá é o que passa pela melhor fase. Contra o Inter, marcou um bonito gol pegando rebote de fora da área. É o jogador que dá fôlego ao meio-campo rubro-negro, já que é eficiente no desarme e rápido na ligação. “O Lucas vem crescendo, evoluindo. Mais maduro, evoluiu fisicament­e, tecnicamen­te e taticament­e”, avalia o técnico Maurício Barbieri.

Barbieri é treinador interino da equipe desde o final de março, quando Paulo Cesar Carpegiani foi demitido após o Flamengo ser eliminado pelo Botafogo na semifinal do Carioca. Integrante da comissão técnica permanente, ele vem se mantendo no cargo porque o clube rubro-negro não conseguiu encontrar um profission­al mais rodado. O sonho da diretoria era contratar Renato Gaúcho, do Grêmio – o treinador disse ao jornal Zero Hora que a proposta do Flamengo foi de “dois caminhões de dinheiro” –, mas ele recusou o convite.

Assim, não será surpresa se Barbieri for efetivado no cargo, em movimento semelhante ao que aconteceu há dois anos com Zé Ricardo, hoje no rival Vasco. Apesar disso, ele desconvers­a. “Sigo fazendo meu trabalho. (Efetivação) é com a direção. Estou treinador do Flamengo e motivado para contribuir com a equipe”, comenta o interino, que ainda não viu a equipe perder sob seu comando.

Torcida. Com a retomada das vitórias, a pipoca jogada no aeroporto deu lugar ao apoio incondicio­nal nas arquibanca­das. No domingo, mais de 60 mil pessoas lotaram o Maracanã para a partida contra o Inter. Contra o América, na segunda rodada, o público havia superado as 50 mil pessoas.

Contribuiu para o sucesso de público nessas duas partidas a despedida de um ídolo – o goleiro Júlio César se aposentou diante do América –e o retorno de outro – Paolo Guerrero voltou aos gramados no domingo após seis meses afastado por doping. Mesmo assim, a tendência é que o Maracanã volte a ficar cheio na quinta-feira, quando o Flamengo recebe a Ponte Preta pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Até ontem, mais de 27 mil ingressos já haviam sido vendidos.

A paz encontrada junto aos torcedores é comemorada pelo time. “Estamos aos poucos reconquist­ando a torcida”, vibra Vinicius Júnior. O jogador acredita que o apoio vai ajudar na sequência dos bons resultados de campo. “Nós mostramos nos últimos quatro jogos a alegria de jogar futebol . Estamos ganhando confiança com o passar do tempo”, afirma.

 ?? GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO-27/5/2018 ?? Em alta. Lucas Paquetá, um dos destaques da arrancada, fez belo gol diante do Inter
GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO-27/5/2018 Em alta. Lucas Paquetá, um dos destaques da arrancada, fez belo gol diante do Inter

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