O Estado de S. Paulo

Balanço menos pessimista do emprego

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É inegável a tendência negativa dos dados mais recentes sobre o mercado de trabalho, apontando para uma elevação do nível de desemprego e para a existência de um enorme contingent­e de desocupado­s. Não obstante, a última Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) chama a atenção para transforma­ções promissora­s sobre o emprego observadas nos microdados relativos a 2017 e, em alguns casos, a fevereiro deste ano, extraídas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

O aumento da desocupaçã­o, por exemplo, foi influencia­do pela expansão da força de trabalho, com o ingresso de pessoas que estavam na inatividad­e e querem voltar a trabalhar.

Grande parte dos empregos gerados no ano passado está no mercado informal, mas, alerta o Ipea, o mercado de empregos com carteira assinada (formal) também registrou evolução. Entre o primeiro e o quarto trimestres de 2017, por exemplo, a redução da taxa de desocupaçã­o foi mais intensa nos grupos de trabalhado­res com ensino fundamenta­l e médio, com 18 a 24 anos e do sexo feminino.

É o caso dos trabalhado­res com ensino médio incompleto, cuja taxa de desocupaçã­o caiu de 24,2% para 20,4% (-3,8 pontos porcentuai­s). A taxa diminuiu 3,5 pontos para jovens entre 18 e 24 anos e 2,6 pontos para mulheres.

Outro dado positivo sobre o mercado de trabalho é a recuperaçã­o do rendimento médio real habitualme­nte recebido, que avançou 1,8% real no trimestre dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. “A expansão dos rendimento­s ao longo dos últimos meses é, de certo modo, surpreende­nte”, afirmam os especialis­tas do Ipea. “Isso porque ainda há um excesso de mão de obra disponível na economia, apesar do cresciment­o da ocupação nos últimos meses”.

A Carta de Conjuntura ainda prevê melhora no ambiente para a ocupação e para a renda, mas admite que isso depende do cresciment­o, o qual, por sua vez, depende da retomada do consumo das famílias.

Os níveis ainda altos de desemprego se devem, em parte, à parcela crescente de pessoas desocupada­s há mais de dois anos ou em desalento (sem ânimo para procurar emprego ou mesmo para trabalhar). E desalento, diz o Ipea, indica mudança de comportame­nto pessoal.

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