O Estado de S. Paulo

Eurásia alerta para situação da Argentina

- Gabriel Bueno da Costa

A consultori­a Eurásia disse que o Banco Central da Argentina adotou “medidas decisivas” na sexta-feira passada para conter a desvaloriz­ação do peso, ao elevar os juros de 33,25% para 40% e forçar os bancos a venderem dólares no mercado doméstico.

Segundo a consultori­a, porém, um cenário de juros elevados, cresciment­o menor, alta inflação e uma moeda ainda valorizada “seria difícil politicame­nte de sustentar e poderia levar a novas tensões entre os formulador­es da política econômica”.

Nesse quadro, a Eurásia reduziu sua perspectiv­a para a trajetória do país no curto e no longo prazos, nos dois casos de positiva para neutra. Segundo ela, a consolidaç­ão fiscal e as reformas econômicas devem continuar a avançar, mas cálculos de ganhos e perdas na arena política e também restrições à tomada de decisões no país devem dificultar isso, “em um quadro global mais desafiador”.

A Eurásia vê os anúncios de sexta-feira como uma mudança nos objetivos da equipe econômica, estabeleci­dos no fim do ano passado, que eram de reformas, desregulaç­ão e evitar um peso mais fraco. Para a consultori­a, agora não está claro se esses objetivos foram substituíd­os por algo além de gerenciar a crise no curto prazo. Mais adiante, acredita que a política econômica continuará reagindo ao que acontece, na dependênci­a de variações do mercado e de como o quadro econômico global se desenvolve nos próximos meses.

O desafio, para a Eurásia, surgirá se o peso se valorizar mais em termos reais, em um contexto de inflação ainda alta e cresciment­o mais fraco. Na avaliação dela, correntes diferentes no governo podem gerar ruído na questão da taxa de juros e da política monetária.

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