METRÔ, MAIS QUE TRANSPORTE
Procurar o bilhete, correr para alcançar o trem, se apertar para entrar no vagão. Tudo isso seria perfeitamente familiar se, no percurso, a estação não fosse um prédio antiquíssimo, ou se a parede em frente à catraca não ostentasse uma imagem do rosto do filósofo Karl Marx.
Percorrer Moscou de metrô está longe de ser uma experiência convencional para estrangeiros. Não sem motivo, a rede é chamada de Palácio Subterrâneo. Inaugurado em 1935 – a linha mais antiga é a Socolhnitcheskaia –, foi sendo expandido ao longo dos três anos seguintes dentro de uma proposta arquitetônica e estética inovadora. Em cada estação, ou melhor, em cada plataforma, paredes de granito e de mármore; desenhos talhados no gesso; lustres gigantes pendurados; mosaicos; vitrais coloridos; esculturas de bronze; painéis de esmalte.
São ao todo 12 linhas e 206 estações, cada uma com sua particularidade estética e histórica. Por isso, mais do que um meio de deslocamento, o metrô de Moscou (mosmetro.ru) é um ponto turístico. E, como todo grande museu, as chances de se perder são enormes até que você compreenda a logística e a proposta. Vá com tempo.
Em Moscou, as placas informativas ainda não têm transcrição para o alfabeto latino – com exceção dos nomes das estações da linha dentro dos vagões. Ou seja: até a plataforma, as direções e orientações de saída (vykhod) estarão em cirílico. Impossível se localizar para quem não sabe russo? Não, mas aqui vão as dicas de quem testou de tudo.
Tenha sempre em mãos mapas do metrô no nosso alfabeto e em cirílico (não é difícil achar em hotéis grandes e alguns museus), para poder encontrar as equivalências. Contar o número de estações entre a origem e o destino da sua viagem também ajuda a não errar. E se você souber ao menos algumas letras usadas na língua russa, conseguirá deduzir o que está escrito mesmo que não saiba ler tudo. Isso me ajudou muito na hora de saber para qual lado seguir.
Como no metrô de Nova York, por uma mesma plataforma podem circular trens de mais de uma linha. Isso significa que nem sempre bastará descer de um lado, atravessar a plataforma e pegar o próximo trem para o sentido oposto. E mais um detalhe: existem algumas estações com o mesmo nome em linhas diferentes. Preste atenção às placas que tudo dará certo. E, se não der, tudo bem. No mínimo, você conhecerá mais uma bela estação até se encontrar.
Comprar bilhetes será um pouco mais fácil. Há adesivos colados nas cabines de atendimento informando “eu falo inglês”. São vendidos passes ilimitados para um, três, sete ou 30 dias, válidos em qualquer tipo de transporte público, a partir de 218 rublos (R$ 12) e passes que dão direito a determinado número de viagens, de uma a 60, a partir de 55 rublos (R$ 3) – para estes, vá direto aos terminais automáticos com textos em inglês.
Linha 5 (Koltsevaya)
A linha 5 é a circular da região central e se conecta com quase todas as outras linhas – é um bom ponto de partida para começar seu tour pelo metrô. Ali, visite as estações Komsomolskaya, Novoslobodskaya e Belorusskaya.
Para saber mais da história militar russa e se encantar com uma decoração luxuosa, desça na primeira. O teto amarelo, intercalado por mosaicos dourados em molduras brancas, harmoniza com os arcos de colunas de mármore de tom creme. Inaugurada em 1952, é passagem para quem vai ou vem das estações de
Leningradsky, de onde partem os trens para o norte (incluindo São Petersburgo); de Kazansky, de onde partem trens para Kazan e Ecaterimburgo, duas das cidades-sede da Copa; e de Yaroslavskaya, que serve o lado mais oriental da Rússia, sendo um dos terminais da Transiberiana.
Novoslobodskaya apresenta 32 mosaicos feitos com vidros coloridíssimos, todos do artista Pável Kôrin. Eles mostram figuras geométricas e diferentes profissões, no caminho do corredor até o grande painel de esmalte batizado Paz Mundial. Já Belorusskaya, a primeira que conheci, é a que você desce quando vem do aeroporto de Aeroexpress
(leia na página 9). Seus mosaicos no teto branco narram a história antiga e moderna da Rússia.