PRAÇA VERMELHA, O CENTRO DE TUDO
Levou um tempo até que eu me desse conta de que estava, enfim, pisando na Praça Vermelha. Aquela mesmo, das cúpulas coloridas em formato de cebola, dos tijolos vermelhos, da muralha com 2,5 quilômetros de extensão. Aquela, onde há 100 anos a revolução socialista derrubou o império czarista de dois séculos de existência. Ela é o coração de Moscou e também Patrimônio Mundial da Unesco.
Para quem chega pela movimentada Avenida Tverskaya, uma das mais importantes da capital russa, a porta de entrada para a Praça Vermelha é uma outra praça, a do Manege. É nela que está o cronômetro para a Copa do Mundo e outros elementos decorativos com a temática do Mundial.
O que separa as duas praças é uma subida curtinha, paralela ao Museu Histórico do Estado e ao Kremlin. Antes de subir, repare na imponente construção bege em um dos lados da Praça do Manege. Sua fachada é réplica da do luxuoso e emblemático Hotel Moscou, construído no mesmo lugar em 1935 e um dos melhores exemplares da arquitetura soviética stalinista.
Além de ter hospedado nomes importantes da primeira metade do século 20, como Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar ao espaço, o Hotel Moscou ficou famoso por apresentar designs completamente diferentes para cada uma das asas frontais. O arquiteto responsável pela construção, Alexey Shchusev, teria enviado a Stalin dois projetos de fachada para escolha. Mas o líder soviético assinou no meio dos dois desenhos, levando Shchusev a decidir, então, por ambos os projetos. Fez cada metade de um jeito.
No início dos anos 2000, o prédio foi demolido e, em seu lugar, um novo hotel foi erguido. A fachada, no entanto, foi reconstruída seguindo fielmente a do antigo Hotel Moscou – o que significa que você ainda poderá contemplar e sorrir diante dos dois lados diferentes.
Quem assumiu o espaço, abrindo as portas ao público em 2004, foi a rede canadense Four Seasons, que manteve assim o caráter luxuoso que a hospedagem sempre teve. A diferença está nas novas instalações, pensadas para atender às demandas do público do século 21, entre elas a existência de um spa sofisticado (leia mais na página 4).