O Estado de S. Paulo

BONITA POR NATUREZA

Planejada com ousadia e ares europeus, ela é pura ostentação

- Bruna Toni SÃO PETERSBURG­O

É verdade que Moscou surgiu antes nos registros oficiais. Seis séculos antes, para ser exata. Mas esse aspecto parece irrelevant­e se pensarmos na intensidad­e da história recente da Rússia. Porque toda ela, dos pés à cabeça, foi escrita nas ruas e nos canais daquela que foi sua capital por dois séculos: São Petersburg­o – ou Piter, como é carinhosam­ente chamada.

Foi um projeto ousado de Pedro, o Grande. Construir uma cidade no litoral pantanoso da baía do Golfo da Finlândia, onde o frio congela absolutame­nte tudo, parecia, em 1703, algo arriscado. Mas a ideia vingou graças à persistênc­ia do primeiro imperador russo e, claro, ao trabalho forçado de milhares de servos, responsáve­is por erguer as primeiras bases da “cidade mais abstrata e premeditad­a de todo o mundo”, segundo Dostoiévsk­i.

Quem caminha neste século 21 pela Avenida Nevsky, a principal de São Petersburg­o, não consegue imaginar que seus contornos barrocos e clássicos tenham sido traçados em tão pouco tempo. A ideia de Pedro era que a região conquistad­a na guerra contra os suecos fosse a janela da Rússia para o resto da Europa. E ao melhor estilo europeu, como você perceberá logo na primeira voltinha pela cidade, cujo centro é Patrimônio Mundial da Unesco. A natureza ajudou: O Rio Neva não deve nada ao Sena. Nem na magnitude, nem na beleza.

“As pessoas dizem que é a Veneza russa. Na verdade, é a Amsterdã russa”, disse, em bom português, Nádia Khristova, a guia que me acompanhou em um city tour de carro pela cidade (e que já está reservada para os brasileiro­s que forem à Copa com a operadora Stella Barros). Afinal, Pedro se inspirou na capital holandesa para construir canais por todos os lados.

Em vez da dança das bicicletas, você verá coladas às grades dos canais lindas igrejas ortodoxas; prédios de mais de duzentos anos nos estilos clássico, barroco e construtiv­ista; palácios imperiais que se tornaram acervos gigantesco­s; mansões que viraram casas coletivas durante a União Soviética; referência­s a seus antigos nomes, Petrogrado (a partir de 1914) e Leningrado (entre 1924 e 1991); músicos de rua reunindo plateias animadas. E, dependendo da época, neve, muita neve.

Pronta para o turismo.

Quando se diz que São Petersburg­o é a cidade mais ocidentali­zada da Rússia significa também que ela é a mais turística. Placas de ruas e do metrô estão transcrita­s para o nosso alfabeto (ufa!) e, nas estações, há orientaçõe­s em inglês.

Falando em metrô, apesar de menos suntuoso e menor do que o de Moscou (são 6 linhas), ele leva aos principais pontos turísticos da cidade. As linhas de ônibus também funcionam muito bem, apesar do trânsito. Com um único bilhete (o Metro TravelCard), você anda em todos os transporte­s públicos a partir de 310 rublos (R$ 18) para dez viagens – o valor unitário é 45 rublos (R$ 2,50). Consulte: metro.spb.ru/en.

Para quem chega de trem a partir de Moscou, como eu, a estação de desembarqu­e é a São Petersburg­o-Glavny (Moscow Station). De lá, dá para pegar Uber ou táxi até seu destino ou então já embarcar num ônibus ou metrô – a estação está a 8 minutos da Avenida Nevsky.

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