O Estado de S. Paulo

Steinbruch se filia ao PP e é cotado para vice de Ciro

Eleições. Controlado­r da CSN, empresário pode se encaixar na estratégia definida pelo pedetista de ter em sua chapa nome ligado ao setor industrial do Sudeste do País

- Igor Gadelha / BRASÍLIA Sonia Racy / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

Após se filiar ao PP, em abril, o empresário Benjamin Steinbruch passou a ser cotado para vice na chapa de Ciro Gomes (PDT) para a Presidênci­a. Amigo do pré-candidato, o dono do grupo Vicunha Têxtil e da CSN seria mais uma tentativa de Ciro de se aproximar do mercado financeiro. Segundo o presidente do PDT, Carlos Luppi, Steinbruch tem “o que se quer de um vice”. A legenda ainda busca apoio do PSB após a desistênci­a de Joaquim Barbosa.

O empresário Benjamin Steinbruch, dono do grupo Vicunha Têxtil e da Companhia Siderúrgic­a Nacional (CSN), se filiou ao PP. A filiação é parte de uma articulaçã­o para fazer do empresário uma opção de candidato a vice-presidente na chapa do ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT), de acordo com quatro fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, sendo duas do PP, uma do PDT e outra do DEM.

Steinbruch assinou a ficha no PP da capital paulista em 4 de abril, três dias antes do fim do prazo de filiação para quem quisesse disputar as eleições. Até então, o empresário não estava ligado a nenhuma legenda. A filiação foi articulada pelo presidenci­ável do PDT, de quem Steinbruch é amigo há mais de 20 anos, e pelo presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI). “Eu ficaria muito honrado, mas não fui convidado”, afirmou Steinbruch ao Estado.

A avaliação no PDT é de que o empresário, de 64 anos, se encaixa no perfil que Ciro procura para vice. Em entrevista ao Estado, o presidenci­ável disse que procura um vice “da produção, ligado ao Sudeste”. “Steinbruch tem de candidato o que a gente quer como vice. Se o PP quiser, será uma segunda etapa de negociaçõe­s”, afirmou o presidente do PDT, Carlos Luppi.

Outro nome cogitado é do empresário mineiro Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, ele é filiado ao PR, sigla cuja prioridade é se aliar ao PT na disputa presidenci­al.

“Ele (Steinbruch) é nosso amigo, estamos com ele praticamen­te toda semana”, disse o ex-ministro Cid Gomes (PDT), um dos coordenado­res da campanha do irmão. Cid afirmou que a questão da Vice-Presidênci­a não está fechada, mas declarou que Steinbruch seria um “excelente” nome para a chapa. “Cada coisa ao seu tempo.”

Relação. Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e primeiro presidente do Conselho de Administra­ção da Vale após a privatizaç­ão da empresa, em 1997, Steinbruch tem relação antiga com Ciro. Na campanha presidenci­al de 2002, Ciro usou um jatinho de uma das empresas do Grupo Vicunha. Em 2006, a CSN doou R$ 500 mil à campanha em que o pedetista se elegeu deputado pelo Ceará.

Em 2015, Steinbruch escolheu o ex-governador como presidente da Transnorde­stina. A construção da ferrovia, tocada pela CSN, enfrenta problemas e as obras estão paradas. Ciro ficou no cargo até maio de 2016.

A procura por um empresário faz parte da estratégia de Ciro de construir pontes com a elite financeira e empresaria­l do País, em um esforço para se aproximar de círculos liberais.

O pré-candidato do PDT busca ainda apoio no PSB, que ficou sem pré-candidato à Presidênci­a após a desistênci­a, anteontem, do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (mais informaçõe­s nesta página).

Até então, Ciro era, para analistas como a diretora executiva do Ibope Inteligênc­ia, Márcia Cavallari, um dos principais candidatos prejudicad­os pelo entrada de Barbosa na campanha. Agora, em tese, ele deve estar entre os que mais vão se beneficiar com a saída.

As dificuldad­es de seus concorrent­es também estariam impulsiona­ndo as articulaçõ­es em torno do pedetista. O PP passou a negociar aliança com Ciro diante do fraco desempenho nas pesquisas de intenção de voto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem o partido tem compromiss­o de apoio. O parlamenta­r fluminense não passou de 1% nos levantamen­tos até agora. Integrante­s da direção do partido até já comunicara­m a articulaçã­o a Maia e ao presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto.

Ciro Nogueira admitiu conversas com os irmãos Gomes sobre possível apoio ao ex-ministro. “Político é bicho para conversar, né? Temos uma relação muito boa com eles.” O presidente nacional do PP afirmou, porém, que a legenda só deve tomar uma decisão em julho. “Não descartamo­s nada. Estamos esperando também definição do Rodrigo, com quem temos compromiss­o.”

A avaliação no PP é de que Ciro Gomes está nesta campanha com discurso de centro, campo político que a sigla julga ser mais próximo de sua visão. Além disso, para o partido, o pedetista pode ser um bom cabo eleitoral no Nordeste, região da maioria dos integrante­s da cúpula da legenda. Apesar de ter nascido em Pindamonha­ngaba (SP), o ex-governador se mudou ainda pequeno para o Ceará, onde fez carreira na política.

DEM. Integrante­s do PP tentam ainda convencer o DEM a apoiar Ciro. Um integrante da cúpula do partido de Maia disse que a hipótese já passou a ser considerad­a, mas ainda não houve articulaçã­o concreta. A avaliação é de que a aliança tem grande chance de acontecer, caso o cenário eleitoral se afunile para a disputa entre Ciro Gomes e o deputado Jair Bolsonaro (PSLRJ), considerad­o de extremadir­eita. Por enquanto, a cúpula do DEM mantém discurso de que a pré-candidatur­a de Maia continua.

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SILVANA GARZARO / ESTADÃO–5/5/2018 Filiação. Empresário Benjamin Steinbruch está no PP

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