O Estado de S. Paulo

Vereador nega ligação com morte de Marielle

Siciliano desqualifi­cou testemunha que o colocou como mandante do assassinat­o

- Roberta Pennafort / RIO

O vereador Marcello Siciliano (PHS) desqualifi­cou ontem o depoimento de um homem ouvido pela polícia sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. A testemunha acusou o parlamenta­r de ser mandante do crime. Siciliano repudiou a acusação, disse ser um “factoide” e afirmou nunca ter tido desentendi­mentos políticos com Marielle, com quem, garantiu, tinha boa relação.

O autor da acusação tem o nome mantido em sigilo e agora vive sob proteção policial. Marielle e Gomes foram mortos a tiros em 14 de março e uma das hipóteses é de que os mandantes sejam milicianos – membros de grupos paramilita­res que dominam áreas pobres.

“Quero expressar minha indignação como ser humano. Minha relação com Marielle era muito boa. Podem buscar imagens da Câmara. Ela sentava na minha frente, a gente conversava muito, se abraçava, se beijava. Nunca teve conflitos políticos. Ela participou da minha festa de aniversári­o, tinha carinho por ela. Estou sendo massacrado nas redes sociais. Mais do que nunca, quero que o caso seja resolvido” disse Siciliano.

Vídeo postado em redes sociais por Marielle em agosto mostra um embate entre os dois. Siciliano havia usado a expressão “palavra de homem” no plenário, ao que a vereadora respondeu: “Palavra de mulher também vale”. Mas o vereador Tarcísio Motta (PSOL), companheir­o de bancada e amigo pessoal de Marielle, minimizou o caso. “Não foi nada demais.”

Segundo a denúncia, publicada pelo jornal O Globo, o vereador se reuniu em 2017 em um restaurant­e com o ex-PM Orlando Araújo, hoje preso. Lá, o político teria reclamado que Marielle estaria “atrapalhan­do”.

A testemunha contou ter sido coagida a trabalhar com Siciliano. Disse que ele e o miliciano se encontrara­m quatro vezes e forneceu quatro nomes de bandidos escolhidos para cometer o crime, que teria como motivação ações políticas de Marielle em favelas da zona oeste. O Estado não encontrou a defesa do ex-PM.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Acusação. Testemunha disse à polícia que vereador (ao centro) teria dito para ex-PM que Marielle estava “atrapalhan­do”

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