Vereador nega ligação com morte de Marielle
Siciliano desqualificou testemunha que o colocou como mandante do assassinato
O vereador Marcello Siciliano (PHS) desqualificou ontem o depoimento de um homem ouvido pela polícia sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. A testemunha acusou o parlamentar de ser mandante do crime. Siciliano repudiou a acusação, disse ser um “factoide” e afirmou nunca ter tido desentendimentos políticos com Marielle, com quem, garantiu, tinha boa relação.
O autor da acusação tem o nome mantido em sigilo e agora vive sob proteção policial. Marielle e Gomes foram mortos a tiros em 14 de março e uma das hipóteses é de que os mandantes sejam milicianos – membros de grupos paramilitares que dominam áreas pobres.
“Quero expressar minha indignação como ser humano. Minha relação com Marielle era muito boa. Podem buscar imagens da Câmara. Ela sentava na minha frente, a gente conversava muito, se abraçava, se beijava. Nunca teve conflitos políticos. Ela participou da minha festa de aniversário, tinha carinho por ela. Estou sendo massacrado nas redes sociais. Mais do que nunca, quero que o caso seja resolvido” disse Siciliano.
Vídeo postado em redes sociais por Marielle em agosto mostra um embate entre os dois. Siciliano havia usado a expressão “palavra de homem” no plenário, ao que a vereadora respondeu: “Palavra de mulher também vale”. Mas o vereador Tarcísio Motta (PSOL), companheiro de bancada e amigo pessoal de Marielle, minimizou o caso. “Não foi nada demais.”
Segundo a denúncia, publicada pelo jornal O Globo, o vereador se reuniu em 2017 em um restaurante com o ex-PM Orlando Araújo, hoje preso. Lá, o político teria reclamado que Marielle estaria “atrapalhando”.
A testemunha contou ter sido coagida a trabalhar com Siciliano. Disse que ele e o miliciano se encontraram quatro vezes e forneceu quatro nomes de bandidos escolhidos para cometer o crime, que teria como motivação ações políticas de Marielle em favelas da zona oeste. O Estado não encontrou a defesa do ex-PM.