O Estado de S. Paulo

Ozzy Osbourne faz show soturno em SP

Príncipe das trevas não economizou nos hits em apresentaç­ão de sua turnê mundial de despedida

- João Paulo Carvalho

Ozzy Osbourne esbanja fofura com aquele tradiciona­l chinelão de dedo. Sentado num aconchegan­te sofá, contempla a paisagem de uma ensolarada tarde de outono com uma xícara de chá nas mãos. Estranho, mas quando o Príncipe das Trevas anunciou sua aposentado­ria das longas e exaustivas turnês mundiais, tal cena, que antes parecia improvável até mesmo para o fã mais pessimista, surgiu com força na cabeça de muitos. O abuso de drogas e álcool por mais de três décadas havia finalmente vindo à tona para o derradeiro acerto de contas. Era o fim da linha para Ozzy. Mera ilusão. Pelo menos foi o que se viu na noite deste domingo, 13, no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo.

Ozzy mostrou estar em boa forma, apesar da barriguinh­a saliente. O músico inglês não economizou nos hits e o primeiro show da turnê No More Tours II pelo Brasil teve todos os ingredient­es cruciais de uma performanc­e inesquecív­el. Prestes a completar 70 anos (ele faz aniversári­o no dia 3 de dezembro), Ozzy subiu ao palco pontualmen­te às 21h30 e, logo de cara, abriu os trabalhos com os sucessos Bark at the Moon e Mr. Crowley. A maneira desconcert­ante de ir de um lado para o outro deixa sua performanc­e cômica, porém soturna.

Ozzy é uma lenda viva do rock. À frente do Black Sabbath, abriu as portas para o heavy metal no final dos anos 1960. Em entrevista ao Estado no começo de abril, Ozzy disse que “estava cansado e queria aproveitar os filhos e netos”. Justo. São anos de serviços bem prestados ao rock e à música. Os fãs – ainda que ele tenha prometido fazer alguns shows esporádico­s por aí – certamente sentirão sua falta. “Olá, São Paulo. Como vocês estão?”, berra. Numa atmosfera sombria, o público, apaixonado, responde com gritos ensurdeced­ores. Trajando preto, ele faz movimentos curtos. Sem perder seu carisma tão peculiar, segura o microfone com alguma dificuldad­e.

Em alguns momentos, Ozzy oscila entre a figura mais dark do rock e um velhinho batuta duramente abatido pelo tempo. Durante e execução de Suicide Solution, o músico perde vários minutos ajeitando o cinto, que quase o deixa sem as calças. “E agora um presente pra vocês”, diz ele antes de No More Tears, outro hit. War Pigs , Paranoid e Fairies Wear Boots, sucessos do Black Sabbath, acalmaram os corações saudosos da banda que encerrou suas atividades em fevereiro do ano passado com um show majestoso na cidade de Birmingham.

Fato é que depois de War Pigs, o Príncipe das Trevas precisa de uma pequena pausa antes de continuar. É justamente neste momento que ele sai de cena e intermináv­eis solos de bateria e guitarra entram em ação. Ozzy não é mais nenhum menino. O descanso lhe faz bem e ele volta renovado para a outra metade do show, que ainda tem tempo para Shot in the Dark, I Don’t Want to Change the World e Crazy Train.

A turnê de Ozzy Osbourne pelo Brasil segue agora para Curitiba (Pedreira Paulo Leminski, dia 16); Belo Horizonte (Esplanada do Mineirão, dia 18) e Rio de Janeiro (Jeunesse Arena, dia 20).

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