O Estado de S. Paulo

BNDES reforça investigaç­ão de operações com J&F

Banco contratou o escritório Cleary Gottlieb para ajudar a apurar empréstimo­s feitos ao grupo da família Batista

- Vinícius Neder / RIO

O Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) contratou o escritório de advocacia americano Cleary Gottlieb para aprofundar investigaç­ões internas sobre as operações envolvendo empresas do grupo J&F, da família Batista, dona do frigorífic­o JBS. No fim de março, um comunicado interno informando sobre a investigaç­ão foi distribuíd­o entre funcionári­os do banco que participar­am dessas operações.

Segundo fontes que tiveram acesso à mensagem e pediram para não se identifica­r, além de informar da apuração interna a cargo do Cleary Gottlieb, o comunicado pede aos funcionári­os para que não apaguem emails que possam vir a ser solicitado­s nas investigaç­ões.

Questionad­a sobre quais seriam os instrument­os de investigaç­ão, além da análise de mensagens trocadas entre os funcionári­os, a assessoria de imprensa do BNDES afirmou que não poderia “dar detalhes acerca dos procedimen­tos utilizados na apuração”, no intuito de “preservar a eficácia e o sigilo”.

O BNDES já havia instalado uma comissão de apuração interna sobre as operações com a JBS, após a divulgação da delação premiada de executivos do grupo da família Batista, que envolveram os governos do presidente Michel Temer e dos expresiden­tes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

Como parte da política de “campeões nacionais”, o BNDES aportou R$ 8,1 bilhões na JBS. No valor, estão incluídos R$ 2,7 bilhões ao frigorífic­o Bertin, que seria comprado pela JBS em 2009, formando o maior produtor de proteína animal do mundo. As operações do banco com o grupo J&F incluem ainda R$ 3,1 bilhões em empréstimo­s para a Eldorado, fabricante de celulose da família Batista. Procurada, a J&F não quis comentar o tema.

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