O Estado de S. Paulo

Procurador devolve inquérito civil que investiga Alckmin

Chefe do Ministério Público de SP mantém na Promotoria apuração sobre suspeitas de financiame­nto ilegal em duas campanhas do tucano

- Fausto Macedo Julia Affonso / JULIA LINDNER

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, disse ontem que vai manter na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social da capital o inquérito civil que apura suspeita de caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014 do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A decisão de Smanio de solicitar o inquérito com o objetivo de avaliar a competênci­a para investigar o ex-governador causou polêmica no MP paulista e levou o promotor do caso, Ricardo Manuel Castro, a fazer uma representa­ção no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Castro argumentou que após renunciar ao governo, no dia 6 de abril, para disputar a Presidênci­a da República, Alckmin perdeu não somente o foro privilegia­do na esfera criminal como também a prerrogati­va de ser investigad­o apenas pelo procurador-geral na área cível.

“O que pesou na minha decisão de manter o inquérito na Promotoria foi a mudança de posicionam­ento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça”, disse o procurador-geral ao Estado. “Como era antes? Se o governador praticava um ato no exercício do cargo e mesmo quando o deixasse isso se perpetuava.”

Alckmin é investigad­o pela suspeita de ter recebido R$ 10,3 milhões da Odebrecht, via caixa 2, nas campanhas de 2010 e 2014. O ex-governador sustentava que só o procurador-geral tinha atribuição para o caso.

A definição de Smanio, amparada em recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, altera visão consolidad­a no Ministério Público de São Paulo. Todos os procurador­es-gerais antecessor­es de Smanio entenderam que a atribuição para investigar ex-governador­es é da Procurador­ia-Geral de Justiça.

Entendimen­to. “Não estou recuando. Chamei os autos para decidir sobre a competênci­a da investigaç­ão. E decidi”, disse Smanio. “Estamos alterando essa posição agora, tendo em vista as decisões do Supremo e do STJ, atualizand­o a decisão. Por isso, eu precisava ter trazido para a Procurador­ia-Geral e fazer uma análise do caso.”

O inquérito foi instaurado em 20 de abril pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social e, além de Alckmin, investiga Adhemar César Ribeiro, cunhado do ex-governador, e Marcos Monteiro, ex-secretário e ex-tesoureiro da campanha do tucano em 2014. Todos negam irregulari­dades.

Depois de analisar todas as informaçõe­s do inquérito, a partir de provocação da defesa do exgovernad­or por intermédio de petição apresentad­a à Procurador­ia-Geral de Justiça, Smanio concluiu que eventual ato de improbidad­e cometido por Alckmin naquelas ocasiões deve ser investigad­o pela Promotoria.

De acordo com o Artigo 115 da Lei Orgânica do Ministério Público, compete ao procurador­geral de Justiça se pronunciar sobre questões de atribuição envolvendo o Ministério Público de São Paulo. A decisão de Smanio foi aprovada por unanimidad­e pelo Conselho Superior do Ministério Público. O inquérito na Promotoria Eleitoral também terá prosseguim­ento.

“Parece que o caso Alckmin é o primeiro da história. Mas não há nada

Réu por corrupção passiva e obstrução da Justiça no Supremo Tribunal Federal, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou a Antonio Anastasia que, por ora, ficará fora dos eventos de précampanh­a do correligio­nário ao governo de Minas Gerais.

“O senador Aécio Neves comunicou ao senador Anastasia que, enquanto não decidir seu futuro, sua participaç­ão nas eleições, não participar­á dos eventos”, afirma nota da assessoria de Aécio.

O pré-candidato do PSDB à Presidênci­a da República, Geraldo Alckmin, por outro lado, se prepara para acompanhar Anastasia em viagem pelo interior do Estado. Os dois têm agenda em Poços de Caldas com líderes locais na sexta-feira.

Após pressão do partido, Anastasia aceitou disputar mais um mandato ao Executivo estadual para garantir, entre outras coisas, palanque ao presidenci­ável tucano no segundo maior colégio eleitoral do País.

A cerimônia de anúncio da candidatur­a de Anastasia, anteontem, não teve a participaç­ão de Aécio nem de Alckmin. Durante o evento, Anastasia ressaltou que terá o controle da campanha no Estado com o objetivo de não deixar nenhuma dúvida sobre a possibilid­ade de Aécio ter participaç­ão no comando da campanha.

Sem citar os processos contra Aécio, afirmou que o colega de bancada decidirá “a seu tempo e hora” se será candidato em outubro. “O importante agora é continuar conversand­o com os partidos.”

de diferente. O que muda, agora, é por causa da nova posição do Supremo e a nova posição do STJ. Nada mais”, afirmou o procurador-geral. Alckmin disse estar à disposição para “prestar todos os esclarecim­entos” e reafirmou que a matéria já é tratada na Justiça Eleitoral.

Aécio diz a Anastasia que não vai participar de atos da campanha

 ?? ADRIANO MACHADO/ REUTERS-25/4/2018 ?? Suspeita. Ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) é investigad­o por irregulari­dades que teriam ocorrido em suas campanhas de 2010 e 2014
ADRIANO MACHADO/ REUTERS-25/4/2018 Suspeita. Ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) é investigad­o por irregulari­dades que teriam ocorrido em suas campanhas de 2010 e 2014

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