O Estado de S. Paulo

Temer defende sua gestão em cerimônia esvaziada

Sem a presença da cúpula do Congresso, presidente cita dados sobre economia, mas ignora denúncias

- BRASÍLIA / TÂNIA MONTEIRO, VERA ROSA, LU AIKO OTTA, RENAN TRUFFI e EDUARDO RODRIGUES

Em cerimônia esvaziada para comemorar dois anos à frente do governo, o presidente Michel Temer divulgou ontem dados enaltecend­o sua gestão, não mencionou denúncias de corrupção que bateram à porta do Palácio do Planalto e disse que conseguiu tirar o País da crise. Diante de uma plateia formada por ministros, ex-ministros e alguns deputados, mas sem a presença dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), Temer afirmou que “salvou” a Petrobrás do colapso e pregou a conciliaçã­o.

“Sem dúvida, creio que todos nós fomos responsáve­is por tirar o Brasil do vermelho e colocar o País no rumo certo”, disse. “Espero que, logo depois das eleições, as pessoas possam pensar nos problemas do País. (...) Brasileiro­s não podem ficar contra brasileiro­s.”

A solenidade foi planejada por Temer para tentar driblar sua impopulari­dade com uma prestação de contas na qual os escândalos foram ignorados e muitos dos dados divulgados mostraram-se parciais. Não houve qualquer citação à Lava Jato. Temer disse apenas, genericame­nte, que se fala em abuso de autoridade quando se descumpre a Constituiç­ão. “Nós não somos autoridade. Quem tem autoridade no País é a lei.”

Sem mencionar o impeachmen­t da petista Dilma Rousseff, Temer destacou a melhoria de indicadore­s econômicos após assumir o poder, citando a queda da inflação para cerca de 3% ao ano e o retorno do cresciment­o do PIB para uma taxa superior a 2%, prevista para este ano. Fez um discurso de uma hora e foi aplaudido apenas três vezes. Só ele falou. Enquanto fazia seu pronunciam­ento, um telão exibia um slogan em letras garrafais: “O Brasil voltou”.

Criado pelo publicitár­io Nizan Guanaes, o mote também apareceu em cartilha de 32 páginas com dados sobre as “realizaçõe­s” do governo de 2016 a 2018. Ao citar o número de contrataçõ­es, o governo menciona que no trimestre de outubro a dezembro de 2017 “aumentou em 1 milhão e 842 mil o número de pessoas ocupadas em comparação com o mesmo trimestre de 2016”. A soma totaliza 92,1 milhões de pessoas ocupadas. No entanto, a PNA Contínua do IBGE mostrou em março que o número de pessoas ocupadas caiu para 90,5 milhões no primeiro trimestre de 2018.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Planalto. Temer no evento de 2 anos; presidente­s da Câmara e do Senado não comparecer­am

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