O Estado de S. Paulo

Europa prepara barreiras às sanções dos EUA no Irã

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

A União Europeia estuda formas de impedir que as sanções dos EUA afetem empresas do bloco com investimen­tos no Irã. Sob pressão da França, que informou ontem não aceitar as represália­s americanas, Bruxelas estuda a criação de um mecanismo para evitar transações em dólar.

As sanções foram restabelec­idas após Donald Trump retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã. Os três países europeus signatário­s – França, Alemanha e Reino Unido – pretendem cumprir o tratado, também assinado por China e Rússia. A decisão, porém, expõe empresas europeias que têm contratos em vigor ou negociam com os iranianos.

Pela decisão de Trump, todas as companhias terão entre 90 e 180 dias para encerrar suas atividades no Irã, sob pena de sofrerem multas ou serem proibidas de atuar nos EUA. Mesmo empresas que não têm atividades diretas em território americano serão passíveis de punição se utilizarem o dólar como moeda em suas transações. Segundo fontes no governo francês, as primeiras retaliaçõe­s serão fixadas em 6 de agosto e envolverão companhias de aviação civil, como Airbus, e da indústria automobilí­stica, como Renault e Peugeot. Em 4 de novembro, seria a vez de empresas de energia, como Total, e do setor financeiro.

“A extraterri­torialidad­e das sanções americanas é inaceitáve­l”, afirmou o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian. Por isso, Paris pediu à UE que analise formas de proteção. A primeira medida é a ampliar uma norma de 1996 criada para anular os efeitos das sanções americanas contra Cuba. O Irã seria incluído no texto, mas a medida não resolveria o problema. A segunda proposta é a criação de uma instituiçã­o que drible o sistema financeiro dos EUA. A última seria utilizar recursos do Banco Europeu de Investimen­tos ou dos bancos centrais para financiar empresas privadas.

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